A receita que passa por um presidente como mecenas e ainda contratos de patrocínio concentrados em uma única fonte representa um risco para o futuro do Palmeiras. A análise é do Itaú BBA, o banco de investimentos do grupo Itaú, em uma projeção sobre o que pode acontecer com o clube ao fim da gestão Paulo Nobre e uma eventual saída das empresas Crefisa e FAM de sua camiseta.
O cartola alviverde está em seu último ano de mandato.
Como alternativa para reorganizar o time e driblar os adiantamentos feitos por antecessores, Nobre adotou como prática recorrer ao próprio bolso para pôr as contas em dia.
Em janeiro, ele emprestou, por exemplo, R$ 8,9 milhões e permitiu que o mês fosse fechado com R$ 3,5 milhões de superávit. A dívida do clube com o mandatário é hoje superior a R$ 100 milhões. Desde maio de 2015, ele fica com 10% da receita mensal palmeirense como pagamento através do FIDC (Fundo de Investimento em Direitos Creditórios) Academia Esportiva.
“O Palmeiras se acertou da maneira errada, com o seu presidente como mecenas e colocando dinheiro em seus cofres”, avaliou César Grafietti, superintendente de crédito do Itaú BBA, durante workshop de análise econômico-financeira dos clubes, na última terça-feira, em São Paulo.
Grafietti destacou o Flamengo como um dos exemplos de gestão no país e deixou claro que Palmeiras e Fluminense se encontram próximos, mas fez a ressalva, no caso alviverde, de fatores que podem representar um risco e a volta à estaca zero mais adiante.
“Ele precisa se preparar para o turning point (em português, ponto de virada), que pode vir com a saída dos dois (Paulo Nobre e dos patrocinadores Crefisa e FAM)”, prosseguiu.
O acordo com as empresas comandadas pelo casal palmeirense José Roberto Lamacchia e Leila Mejdalani Pereira foi renovado recentemente e se encontra em momento turbulento após mal-estar público entre as partes.
Ele rende R$ 78 milhões anuais ao caixa alviverde, o maior contrato do futebol brasileiro.
Em sua previsão de receitas para o time de Palestra Itália em 2015, o Itaú BBA destaca o crescimento financeiro da equipe. “Nossa expectativa é de que ao final do ano a geração de caixa tenha sido menos da metade de 2014, mas ainda assim um bom número, e com potencial de evoluir em 2016”, diz o trecho.
Os balancetes de 2015 deverão ser divulgados pelos clubes até o fim de abril.
Paulo Nobre não negou o incômodo com o estudo feito pelo banco no ano passado e chegou até a alfinetá-lo após o título da Copa do Brasil.
“Foi duro no começo do ano aquele relatório do Itaú BBA, que solta uma nota dizendo que o Palmeiras e o Corinthians eram os piores times para se investir em 2015. Penso, será que os patrocinadores de ambos estão insatisfeitos? Quem não é do meu do futebol, cuidado. Sendo o Itaú BBA sério e competente como é, quando fala de futebol nos dificultou muito a vida”, desabafou na ocasião.