terça, 12 de novembro de 2024
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Bagaço poderá ser tão rentável quanto o álcool

Entre um produto potencialmente rentável e um problema de ordem prática e ambiental, o bagaço-da-cana deverá começar a alavancar em breve, projetos de destinação na região como em todo o…

Entre um produto potencialmente rentável e um problema de ordem prática e ambiental, o bagaço-da-cana deverá começar a alavancar em breve, projetos de destinação na região como em todo o Brasil, tornando-se um subproduto tão valioso quanto o etanol e o açúcar. A biomassa resultante da agroindústria canavieira desponta como a mais promissora fonte de energia renovável capaz de, em curto prazo, ser responsável por cerca de um quarto da energia produzida no Brasil.

Dunas de bagaço
Na região de Votuporanga, a prova de que uma destinação se faz mais do que necessária em um curto espaço de tempo, é a da UNP (Usina Noroeste Paulista), localizada em Sebastianópolis do Sul. No pátio da empresa, centenas de toneladas do bagaço em pó são estocadas de maneira provisória, formando verdadeiras “dunas”, que de longe parecem areia de praia. De acordo com o engenheiro agrônomo da empresa, Marcos Antônio da Silva Amorim, apesar dos esforços para reutilizar o produto, a produção ainda é maior que a demanda. “Nós usamos uma parte do bagaço aqui na própria usina para produzir energia para as caldeiras, e também vendemos para outras empresas como a usina Cerradinho, a Brascitrus para esse mesmo fim e raramente para outros usos como adubo, mas mesmo assim sobra e muito”, conta Amorim. A idéia é que no futuro a UNP possa reutilizar todo o bagaço ou mesmo vendê-lo por um preço mais convidativo para outras destinações, como por exemplo a produção de aglomerados semelhantes aos de madeira, próprios para a produção de móveis.

Aproveitamento
O setor sucroalcooleiro desponta como o campeão em potencialidade na produção de energia e pode-se dizer que apenas 50% da energia sintetizada na cana-de- açúcar é atualmente aproveitada pelas indústrias. Um terço é convertido em açúcar ou álcool, e o bagaço, que é o segundo terço, é utilizado para atender às necessidades térmicas e de funcionamento da própria fábrica, mas com desperdício de 50% do potencial energético. O último terço, que são as pontas e a palha da cana, é queimado no campo. Com a diminuição do consumo de vapor e a introdução de pontas e palhas no funcionamento das turbinas, que têm melhorado sua eficiência a cada ano, o setor sucroalcooleiro poderia fornecer – com as atuais 400 milhões de toneladas de cana – 10 mil MW médios, mais de 20% de toda a geração de energia no Brasil. Essa geração poderia aumentar ainda em 10% com a utilização do gás metano proveniente da biodigestão da vinhaça nas destilarias de álcool. As perspectivas de aumento da produção da cana na ordem de 60%, em dez anos, elevam o percentual de 20% a 50% da geração de energia no Brasil.

Móveis
Um dos produtos que poderão beneficiar não só o setor sucroalcooleiro, como também o moveleiro na região de Votuporanga, é a transformação do bagaço de cana em aglomerados para a fabricação de móveis, divisórias e embalagens. De acordo com o técnico do Senai/Cemad (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial/Centro Tecnológico de Formação Profissional da Madeira e do Mobiliário de Votuporanga), Carlos Moretin, a tecnologia já existe e é ideal para ser implantada na região. “Existem várias empresas em Cuba, que fazem o aglomerado do bagaço de cana e a tecnologia só precisa ser melhorada e implantada no Brasil”, conta.

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