quarta, 27 de novembro de 2024
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Badalado filósofo condena postagem de vereador de Rio Preto

A postagem de teor homofóbico postada pelo vereador Anderson Branco (PL) ganhou repercussão fora das fronteiras de Rio Preto. A imagem postada pelo vereador rio-pretense foi alvo de publicação na…

A postagem de teor homofóbico postada pelo vereador Anderson Branco (PL) ganhou repercussão fora das fronteiras de Rio Preto.

A imagem postada pelo vereador rio-pretense foi alvo de publicação na página do badalado filósofo Leandro Karnal, no Facebook. No texto, Karnal diz que “propagandas de mãos do ’mal’ atacando a família perfeita eram muito usadas no nazismo. Naquele momento, a mão era de um ’judeu’ atacando a família ’ariana’.

“Quem detinha o ataque — continua o filósofo – era outra mão forte, em geral de um soldado nazista”. Karnal concluiu: ” Racismo declarado.” Até o final da manhã desta terça-feira a postagem de Karnal tinha mais de mil compartilhamentos e 700 comentários, a maioria condenando a postagem, como o de Paulo Uchoa: “Vi bastante essa imagem em páginas religiosas. Os criadores entendem que, nelas eles encontram um terreno fértil…”

Por outro lado, Branco ganhou novo apoio do pastor e deputado federal Marcos Feliciano (Republicano). Em artigo publicado no site Pleno News, Feliciano diz que “um irmão vem sendo alvo de pessoas inescrupulosas” e afirma que “Tal como na Idade Média, estamos vivendo numa época de verdadeira caça às bruxas, uma vez que – por força da imaginação fértil de pessoas inescrupulosas e de uma visão míope dos fatos – uma enorme perseguição religiosa vem se manifestando em nosso país.”

Veja a íntegra da postagem de Karnal:

“Recebi a imagem. Não sei a autoria. Se alguém indicar, agradeço. Assustou-me. Vamos tentar racionalizar um pouco.

O que mostra? Uma mão, branca, segurando uma mão negra que tenta atacar (com unhas diabólicas e uma manga com o arco-íris). A mão, branca, salva uma família com pai, mãe, dois filhos (menino e menina). O texto que acompanhava a imagem era uma crítica sobre uso de “todes”. Eu me fixarei na imagem.

01) Propagandas de mãos do “mal” atacando a família perfeita eram MUITO usadas no nazismo. Naquele momento, a mão era de um “judeu” atacando a família “ariana”. Quem detinha o ataque era outra mão forte, em geral de um soldado nazista.

02) A imagem trabalha com um arquétipo: existe uma família clássica, feliz e perfeita, alvo de um ataque externo. Cria o duplo mito: havia uma idade de ouro (antes do discurso identitário ou de gênero) e o mal é sempre externo. No passado (minha infância, ou na ditadura militar ou no meu imaginário) todos eram felizes, não existiam problemas.

03) O apelo funciona: se não houvesse o discurso identitário (gênero, raça etc) todos ficariam bem.

04) O discurso cria a família perfeita, harmônica, porém… defende a força da mão. O objeto implícito não é a família, todavia o punho forte que pode deter o ataque. O discurso favorece as pessoas ou os grupos que possam encarnar a mão branca.

05) Primeiros problemas? Racismo declarado. Depois: os filhos, o pai ou a mãe podem ser gays, ou bissexuais ou qualquer outra coisa fora do discurso normativo tradicional. A existência de discursos identitários “de fora” não criarão ou apagarão identidades dentro da família.

Há mais a ser dito. A imagem, para um historiador, tem um eco nefasto de totalitarismo como virtude.”

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