O governo australiano anunciou a intenção de cortar o pagamento de benefícios a pais que se recusam a vacinar seus filhos.
A política de “no jab, no pay” (“sem injeção, sem pagamento”, em tradução livre) pode custar aos pais mais de 11 mil dólares australianos (R$ 26 mil) por ano por filho em benefícios perdidos.
Atualmente, famílias com crianças que não foram imunizadas podem receber auxílio de cuidado infantil se tiverem objeções filosóficas ou religiosas às vacinas.
No entanto, o ressurgimento de epidemias de doenças como sarampo em países ocidentais, impulsionadas por movimentos antivacina, tem deixado governos alerta.
No fim de semana, o primeiro-ministro australiano Tony Abbot anunciou que um número menor de exceções religiosas e médicas será permitido na decisão sobre quem recebe o auxílio.
A medida também tem o apoio da oposição ao governo trabalhista e deve entrar em vigor no início de 2016.
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Preocupação
Abbot não deu detalhes sobre a quantidade de dinheiro que a iniciativa deve economizar.
“É um anúncio de saúde pública muito importante e uma medida importante para manter nossas crianças e nossas famílias o mais seguras possível”, disse o primeiro-ministro, segundo a rede de TV ABC News.
Ele afirmou ainda que seu governo está “muito preocupado” com os riscos que as famílias que escolhem não vacinar seus filhos oferecem ao resto da população.
“A escolha (de não vacinar os filhos) não é apoiada em políticas públicas ou em pesquisas médicas e esta ação também não deve ser sustentada pelos contribuintes na forma de pagamentos de auxílio”, disse Abbot em um comunicado em conjunto com o ministro de Serviços Sociais Scott Morrison.
Campanhas antivacinação têm crescido em países ocidentais nos últimos anos – coincidindo com um ressurgimento de doenças infantis evitáveis e, em alguns casos, já erradicadas, como sarampo, caxumba ou coqueluche.
No último mês de fevereiro, um novo surto de sarampo nos Estados Unidos teve origem no parque de diversões da Disney na Califórnia, segundo os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês) do país.
O movimento já está presente no Brasil e chamou a atenção do governo, quando o Ministério da Saúde detectou que, na classe A, a taxa de vacinação já é menor que a média brasileira.
Os ativistas dizem que algumas vacinas contra doenças letais podem ser perigosas. Uma petição online contra vacinação compulsória – que teve mais de três mil assinaturas na Austrália nos últimos cinco dias – afirma que os pais têm o direito de fazer “uma escolha não forçada”.
O governo australiano estima que cerca de 39 mil crianças com menos de sete anos não foram vacinadas por causa da objeção dos pais.