O diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, afirmou que a estatal está sendo obrigada a exportar mais gasolina em razão do aumento interno do consumo de álcool – provocado pelo incremento na venda dos carros flex no país.
As declarações do diretor da Petrobras confirmam previsões feitas na semana passada pela Agência Nacional do Petróleo (ANP), de que a partir de abril o consumo de álcool supera o da gasolina, o que não acontece no país desde o final da década de 80 – no auge do Pró-Álcool..
“Esse é um fato inexorável: o aumento do consumo do álcool em razão do incremento nas vendas do carro flex. É algo que não deve ter retorno em razão da possibilidade que o consumidor tem hoje de escolher, na bomba, o derivado que ele vai consumir. Isto está levando a que nós venhamos aumentando a exportação de gasolina. Mas temos encontrado mercado para está gasolina”.
Paulo Roberto Costa lembrou que a estatal está investindo mais de US$ 4 bilhões para melhorar a qualidade da gasolina refinada no país. “Com isto nós vamos reduzir o teor de enxofre no produto de 1.000 para 50 ppm (partícula por milhão) em 2010 e, com isto, conseguir entrar em vários outros mercados – onde hoje nós enfrentamos algumas restrições”.
Costa disse que a estatal leva em conta a retração do mercado interno ao avaliar possíveis aumentos para o preço da gasolina, em razão da elevação recorde do preço do barril do petróleo no mercado externo.
As previsões de que o consumo interno de álcool deve ultrapassar o da gasolina foram feitas na semana passada pelo gerente de abastecimento da ANP, Edson Silva.
Na oportunidade, a ANP divulgou dados indicando que em janeiro de 2007 foram consumidos no país 1,520 bilhão de litros de gasolina e 1,088 bilhão de litros de álcool (anidro e hidratado). Já em dezembro, a diferença no consumo dos dois combustíveis chegava a menos de 100 milhões de litros, com 1,703 bilhão para gasolina e 1,604 bilhão para o álcool. E em janeiro último, a diferença era de apenas 49 milhões, com 1,515 bilhão de gasolina consumida e 1,466 de álcool.
Além do aumento no volume de carros flex vendidos no país, o superintendente disse, na ocasião, que o preço do álcool vem favorecendo o aumento da demanda, por equivaler hoje a pouco mais de 50% do preço da gasolina.
O diretor da Petrobras não quis comentar as reclamações do presidente da Repsol-YPF no Brasil, João Carlos França de Luca de que os preços da gasolina e do diesel no país são “irreais”.
Também presidente do Instituto Brasileiro do Petróleo e Gás (IBP), João Carlos de Luca, afirmou que os preços da gasolina no Brasil estão baixos e que a Refap, refinaria controlada pela Petrobras, tem apresentado resultados “não positivos”.