O aumento do salário mínimo só traz benefícios para o país, na opinião do diretor técnico do Departamento Intersindical e Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Clemente Gans Lúcio.
Para ele, não tem fundamento a avaliação da Fundação Getúlio Vargas (FGV) de que o aumento do salário mínimo não é eficaz na distribuição de renda e pode causar, em áreas pobres, mais desemprego e informalidade do que o próprio ganho conquistado.
“Há pelo menos quinze ou vinte anos escutamos falar permanentemente que, com salário o mínimo crescendo. nós teríamos desemprego, aumento da informalidade, as prefeituras quebrariam. O salário mínimo vem crescendo nos últimos quatro anos e nada disso aconteceu”.
O diretor lembrou que nos últimos anos as prefeituras têm contratado mais, a formalização cresce de forma nunca vista no país e o consumo dos mais pobres ativa a economia de forma diferenciada.
“Os dados empíricos demonstram justamente o contrário do que a Fundação [Getúlio Vargas] está falando. O [salário] mínimo, junto com as demais transferências de renda aos mais pobres, contribui para que a economia seja revigorada pela população que sempre foi excluída”, afirmou.
Dados do Dieese mostram que, apesar do aumento, o valor do salário mínimo ainda está longe do necessário, que é o equivalente a R$ 1.929,59. Para o diretor, caso a proposta de desoneração tributária (diminuição de impostos) da cesta básica alimentar seja aprovada na reforma tributária o salário mínimo ganhará mais poder de compra.
“Se essa proposta representar uma diminuição dos preços que compõem o orçamento familiar, no caso a alimentação, teríamos um aumento real do salário. Com um preço menor o salário pode atender a essa cesta básica. E esse preço que calculamos seria menor”.