Patrocinadora master do Atlético-PR, a Caixa Econômica Federal não aprovou a manifestação política do clube em apoio ao presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL), antes da partida contra o América-MG, válida pelo segundo turno do Campeonato Brasileiro ainda durante a corrida eleitoral. O banco estatal confirmou à reportagem que não foi avisado sobre a situação e enviou uma advertência ao clube paranaense.
Em 6 de outubro, um dia antes da votação em primeiro turno e quando o processo eleitoral brasileira estava em ebulição, os atletas do time rubro-negro utilizaram uma camisa com os dizeres “vamos todos juntos por amor ao Brasil”, em referência a campanha de Bolsonaro durante a execução do Hino Nacional. Apenas o zagueiro Paulo André encobriu a camisa, utilizando um agasalho, para evitar demonstrar apoio ao então candidato à presidência.
A Fifa pede que clubes e federações sejam neutros, evitando manifestações políticas como a feita pelo Atlético-PR. Por essa razão, o Atlético-PR foi multado pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) em R$ 70 mil. A Caixa, por sua vez, informou que não foi comunicada previamente pelo clube sobre a ação e que não compactua com atitudes desta natureza.
No contrato de patrocínio, ao qual o Estado teve acesso, estabelece-se que o clube deve procurar otimizar a exposição da marca, com os atletas e comissão técnica utilizando uniformes com o logotipo em todo os torneios e competições que disputar, e mesmo em entrevistas concedidas pelos atletas da equipe. Além disso, trecho do documento diz que o Atlético-PR “deve zelar pela boa imagem dos patrocinadores, sem referências públicas de caráter negativo ou pejorativo”. Caso essas regras sejam desrespeitadas, as punições previstas vão da advertência à multa de 1% no valor a ser recebido pelo clube mensalmente (R$ 110 mil).
Entretanto, o banco considerou que o contrato não foi quebrado, já que, durante a partida, a camisa oficial com a marca da instituição financeira foi utilizada normalmente pelo grupo de jogadores. Ainda assim, por ter sido multado pelo STJD e pela falta de um aviso prévio, a Caixa fez a advertência ao Atlético-PR e afirma que “espera que o fato não volte a ocorrer”.
Questionada sobre o que faria caso o Atlético-PR decidisse se manifestar politicamente mais uma vez, ou caso outro clube dos patrocinados pelo banco tomasse atitude parecida durante a vigência do acordo, a Caixa respondeu que, nessa situação, analisará caso a caso de modo a resguardar o cumprimento das disposições contratuais. Procurado pela reportagem do Estado, o Atlético-PR preferiu não se pronunciar em relação ao assunto.
A Caixa é a maior patrocinadora do futebol brasileiro. Segundo o site do banco, a marca está estampada atualmente em 11 clubes que disputam a Série A – América-MG, Atlético-MG, Atlético-PR, Bahia, Botafogo, Ceará, Cruzeiro, Flamengo, Paraná, Santos e Vitória (desses, Paraná e Vitória já foram rebaixados) – e outros 12 clubes da série B – Atlético-GO, Avaí, Coritiba, CRB, Criciúma, CSA, Fortaleza, Goiás, Londrina, Paysandu, Sampaio Corrêa e Vila Nova (Fortaleza, CSA, Avaí e Goiás jogaram a Série A em 2019; Paysandu e Sampaio Corrêa foram rebaixados à Série C).