Grandes nomes da música nacional já comemoram o retorno das turnês, não no Brasil, mas nos Estados Unidos. Com a vacinação contra a covid-19 adiantada e a flexibilização para a realização de eventos presenciais, a indústria do entretenimento em território americano se tornou alternativa para artistas brasileiros que ainda sofrem com a demora no combate à pandemia no Brasil.
A produtora Brazilian Nites, que há trinta anos leva artistas brasileiros para turnês na costa oeste americana, abriu o segundo semestre do ano com o show do sambista Jorge Aragão, em Long Beach, na Califórnia. “Está mais complicado organizar turnês agora, por isso estamos começando devagar, mas já trabalhando com força total na agenda do ano que vem”, diz a produtora Patrícia Leão.
Também começando em agosto, o cantor Gusttavo Lima faz sua primeira turnê internacional desde o início da pandemia. A maratona “O Embaixador Tour USA 2021” conta com shows em Orlando e Miami (Flórida), Atlanta (Georgia), Newark (Nova Jersey) e Boston – capital de Massachusetts, onde o artista comanda uma edição do Buteco, festival já consagrado no Brasil. “Tenho certeza de que serão shows emocionantes”, comenta o cantor que desde 2012 faz shows anuais em território americano.
Além de músicos, profissionais ligados à indústria da música ao vivo também celebram o retorno das turnês no exterior. “Existe uma estrutura enorme por trás de cada show e, durante a pandemia, muitos profissionais de backstage ficaram de mãos atadas”, comenta o fotógrafo carioca Eduardo Orelha. No início de 2020, ele se mudou para a Califórnia com o objetivo de acompanhar artistas brasileiros em turnês. “Quando veio o lockdown, tive que mudar meu foco de atuação”, conta. Orelha passou então a criar conteúdo para empresas como Ibanez e Beetronics, também do ramo musical, e para artistas em fase de gravação. “Aproveitei esse período para registrar o processo criativo de artistas como a guitarrista paulistana Lari Basílio e a banda carioca Melin, em Los Angeles, mas não desisti do objetivo de registrar a jornada de bandas brasileiras em turnê pelos Estados Unidos”, diz o fotógrafo, que coleciona trabalhos com brasileiros renomados como Anitta, Chitãozinho e Xororó e Lulu Santos.
Ainda esse ano, mais artistas do Brasil devem embarcar em turnês no hemisfério norte. Em setembro, o fenômeno do forró Raí Saia Rodada fará apresentações em seis cidades americanas. Entre os dias 15 e 24 de outubro, a dupla sertaneja Israel e Rodolffo anunciou a turnê de “Batom de Cereja”, passando por seis cidades: Miami, Atlanta, Boston, Connecticut, Orlando e Newark. Em novembro, é a vez de Wesley Safadão fazer shows em cinco cidades americanas. “Não é novidade para ninguém o quanto me sinto honrado e feliz em fazer shows no exterior. Poder representar nossa cultura e levar um pouquinho ‘de casa’ para os brasileiros que vivem fora é realmente um grande privilégio”, afirma Safadão, que em 2017 gravou o DVD “WS in Miami Beach”, na Flórida, trabalho que atingiu o primeiro lugar no iTunes Store.
De acordo com uma pesquisa feita pela Pollstar, o mercado de eventos musicais teve uma perda global de $30 bilhões de dólares em 2020, impacto que não deve ser compensado em 2021. Segundo o último relatório divulgado pela empresa de auditoria PwC, que analisa o rombo econômico causado pelas restrições relacionadas ao coronavírus, a projeção de crescimento para o setor, antes estimada em 3,33% até 2023, foi revisada e ajustada para 1,4% até 2024.