Economistas de todas as correntes desenterraram uma discussão que parecia superada na história das finanças nacionais: o Brasil pode quebrar, como aconteceu na década de 1980? Nas duas últimas semanas, afora as conversas informais, pelo menos cinco relatórios de diferentes instituições abordaram esse tema.
O temor é alimentado por uma constatação: o País é hoje assombrado por uma nefasta combinação de recessão profunda e aumentos desenfreados de gastos e dívidas. Pelas mais recentes projeções, a economia encolheu 4% no ano passado e deve sofrer nova contração em torno de 4% este ano. A deterioração pode ser vista em todos os lados da sociedade. No ano passado, cerca de 100 mil lojas fecharam as portas no Brasil. O número de postos de trabalho fechados chegou a 1,5 milhão e o total de pessoas desempregadas no País já atinge 9 milhões, um recorde. Cerca de 1 milhão de alunos trocaram as escolas privadas pelas públicas, e é crescente a quantidade de pessoas que perdem os planos de saúde e têm de recorrer ao SUS, com todas as dificuldades de atendimento.
A atividade econômica em queda vai reduzindo as receitas com impostos e ampliando o rombo nos caixas da União, dos Estados e dos municípios. Hoje, não há economista que olhe para esses números e não se preocupe, em especial com a trajetória da dívida pública, que está hoje em 66% do PIB e pode chegar perto dos 90% no ano que vem, segundo alguns analistas.
O governo garante que não há risco de insolvência e que tem adotado todas as medidas possíveis para estabilizar a dívida pública. Há uma grande preocupação principalmente com a escalada do aumento dos gastos com a Previdência Social. Mas o governo enfrenta dificuldades em encontrar apoio dentro do seu próprio partido para mudar esse cenário.