A escolha do papa Francisco como comandante da Igreja Católica não alterou o crescimento do número de protestantes e na queda do número de católicos na América Latina, segundo pesquisa do Centro Pew Research divulgada nesta quinta-feira (13).
O levantamento consultou cerca de 30 mil pessoas em 18 países latino-americanos e no território americano de Porto Rico. As amostragens foram ponderadas conforme a representação populacional destes países no total da região.
Deles, 69% afirmaram ser católicos, 19% protestantes e 4% de outras religiões, como denominações indígenas, de origem africana e outras. De todos, 8% disseram não ter religião ou não ser afiliado a nenhuma denominação.
Porém, a parcela de pessoas que têm formação católica é de 84%, mostrando uma saída maior desse grupo para outras denominações cristãs ou religiões. A situação é o inverso do que acontece com os protestantes, em que 9% têm formação.
Os maiores percentuais dos que deixaram o catolicismo estão na Nicarágua (23%), seguidos por Uruguai (22%) e Brasil (20%). Guatemala e Honduras têm a maior parcela de protestantes (41%), um ponto a mais que a Nicarágua (40%).
Outros países da América Central lideram o levantamento. Na América do Sul, onde a presença da Igreja Católica é maior, o Brasil é o país com a maior proporção de protestantes, com 26%, e o Paraguai tem a menor, com 8%.
A maioria dos novos protestantes está afiliada a denominações pentecostais, como a Assembleia de Deus. Dentre os motivos para a mudança, o mais citado é a busca de uma conexão mais pessoal com Deus.
Outros pontos abordados são o estilo diferente de culto e a “chegada” da igreja até esses fiéis, que são alguns dos motivos pelos quais houve queda no número de adeptos do catolicismo no mundo, situação reconhecida pelo papa Francisco.
CONSERVADORES
Os protestantes também têm maior compromisso religioso e comparecem mais às igrejas que os católicos. Enquanto no primeiro grupo, o comparecimento a cultos supera os 40% dos entrevistados em 16 das 19 regiões, a presença nas missas só ultrapassa esta marca em Honduras, Costa Rica, Guatemala, El Salvador e República Dominicana.
Assim como no Brasil, há uma maior tendência de que os protestantes sejam mais conservadores que em outros segmentos. Em todos os países avaliados, mais da metade deles é contra o casamento gay e o aborto, sendo que em 12 deles a parcela contrária supera os 80%.
Dentre os 19 territórios, apenas na Argentina e no Uruguai mais da metade da população total apoia as duas propostas. A República Oriental também é quem tem a maior parcela de pessoas sem religião (37%) e o menor número de protestantes (17%).