Em entrevista à Veja, o ex-presidente Jair Bolsonaro rebateu comentários sobre uma suposta perda de influência do PL, seu partido, após as eleições municipais. Na ocasião, Bolsonaro também falou a respeito de sua relação com o ex-coach Pablo Marçal, e confirmou sua intenção de disputar as eleições presidenciais em 2026, apesar de seguir inelegível. Bolsonaro afirmou: “O candidato sou eu”.
O senhor apoiou candidatos que perderam em capitais como Goiânia e Fortaleza. Em Curitiba, flertou com a oposição, mesmo tendo indicado o vice da chapa da situação. Em São Paulo, apareceu pouco na campanha de Ricardo Nunes. O que acha da análise de que foi o grande derrotado nas eleições? Eu não tenho derrota. Meu partido, o PL, passou a ter quatro capitais, e nas cidades com mais de 200 000 eleitores somos campeões. Não foi apenas o PL que venceu. PSD e União também. O governador Tarcísio de Freitas ajudou muito em São Paulo. Mas uma parte considerável das vitórias foi do PL, não se pode menosprezar. O conservadorismo venceu. Falam em vários nomes para disputar 2026, mas, com todo o respeito, chance só tenho eu. O resto não tem nome nacional.(…)
(…)Em São Paulo, durante um momento, muitos bolsonaristas acharam que o senhor estava com o Pablo Marçal. O que aconteceu? Há aproximadamente três meses, o Marçal me procurou. Era uma conversa privada. Falamos uma hora, ele queria que eu estivesse junto com ele e eu disse que havia fechado em São Paulo com o Nunes, indicando o vice. O Marçal saiu da conversa dizendo para a imprensa que eu estaria com ele. Mentiu. Quando fui fazer o desmentido, disse que o Marçal é um cara inteligente. Continuo achando isso, mas ele não usou para o bem a inteligência.
Qual o futuro dele? É jovem, tem um baita futuro, mas começou arranhado. Fez aquela live às vésperas do segundo turno com o Guilherme Boulos. Ali, cometeu um erro, querendo aliviar o lado dele junto ao Boulos por causa da divulgação do laudo falso. Pode ter agora algum partido que queira dar legenda para o Marçal em 2026. Ele ganhou notoriedade nacional, se expressa bem e prega uma coisa que todo mundo quer, que é prosperidade.(…)
(…)Diante do fato de que o senhor está inelegível, quem pretende apoiar em 2026? Falam em vários nomes, Tarcísio, Caiado, Zema… O Tarcísio é um baita gestor. Mas eu só falo depois de enterrado. Estou vivo. Com todo o respeito, chance só tenho eu, o resto não tem nome nacional. O candidato sou eu.
Mas o senhor acha que é possível recuperar os seus direitos políticos? Eu pretendo disputar 2026. Não tem cabimento a minha inelegibilidade. O processo por abuso de poder político foi por ter me reunido com embaixadores antes do período eleitoral. Não ganhei um voto com isso. No caso do poder econômico, subi no carro de som na manifestação do 7 de Setembro e fiquei lá abanando; só depois fiquei sabendo que tudo estava sendo bancado pelo Silas Malafaia. São injustiças, uma perseguição. O pessoal já sabe, mas preciso massificar isso entre a população. Depois, as alternativas são o Parlamento, uma ação no STF, esperar o último momento para registrar a candidatura e o TSE que decida. Não sou otimista, sou realista, estou preparado para qualquer coisa.(…)