A Apae (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) de Votuporanga iniciou estudos para construir um asilo para os idosos portadores de necessidades especiais, que atende. A idéia que está em fase preliminar e ainda sequer se tornou projeto está surgindo para atender uma demanda crescente — a deficientes que estão chegando à terceira idade e necessitam de cuidados especiais. De acordo com a psicopedagoga da Apae, Renata Lima Ferreira Martins, cerca de 10 a 12 pessoas atendidas pela instituição em Votuporanga têm esse perfil. Em geral são pessoas acima de 60 anos, ou próximo disso que perderam os pais ou estes estão impossibilitados de cuidarem bem, desses portadores de necessidades especiais.
Dificuldades
Toda essa problemática gera uma série de conflitos, que vão desde a destinação dessas pessoas para outros familiares que têm dificuldade ou simplesmente não aceitam cuidá-los ou mesmo de uma necessidade específica e conjunta de especialistas que os atendidos passam a ter por estarem entrando na terceira idade. “Nós que atendemos eles todos os dias, ficamos preocupados se estão bem cuidados também nos outros períodos”, afirma Renata. Ela explica que o deficiente físico e mental, geralmente tem uma expectativa de vida menor que a das pessoas tidas como saudáveis e normais. Muitas das síndromes geram deficiências que predispõem esses indivíduos a desenvolver várias doenças, dentre as mais comuns, as cardiopatias — doenças do coração.É o caso dos portadores de Síndrome de Down, que têm predisposição a obesidade e com ela a cardiopatias, pressão alta e diabetes.
Mudança de perfil
Porém o desenvolvimento da medicina, aliado a um melhor atendimento público tanto em relação à saúde, quanto alimentação e inserção social têm elevado a expectativa de vida também dos portadores de deficiência. “Eles tinham uma expectativa de vida em torno de 35, 40 anos de idade e agora já estão chegando e passando dos 60 anos. Acredito que esse constante acompanhamento médico e psicológico, alimentação correta, e prática de esportes está melhorando não só a qualidade de vida como estendendo o tempo de vida”, afirma a psicopedagoga.
Asilo especial
A proposta do asilo especial, segundo o presidente da Apae, Douglas Gianotti é muito complexa e por isso merece cautela. A idéia é construir o espaço na Apae Rural em Votuporanga, aproveitando o prédio já existente que precisa ser reformado e ampliado. Porém a maior preocupação é com os custos de manutenção dessa estrutura. Profissionais de vários níveis precisam ser contratados para cuidar dos atendidos em tempo integral, 365 dias por ano, o que exige turnos especiais e regimes de contratação especiais. “Precisamos encontrar parceiros, patrocinadores na iniciativa privada e novos convênios públicos para sustentar esse trabalho. É realmente um custo alto e um sistema complexo”, prevê Gianotti. A idéia do asilo especial já existe em outras Apaes do Brasil. Para Votuporanga, o exemplo vem de Bauru onde o trabalho é desenvolvido de maneira satisfatória. Desde 2004, as Apaes do Brasil realizam congressos sobre envelhecimento e deficiência mental. Segundo dados do Censo 2000 (tais dados do Censo 2007 ainda não foram divulgados), o país tem quase 14,5% de deficientes, ou 24,5 milhões de pessoas vivendo com alguma deficiência. Metade deles seriam deficientes mentais e cerca de 60% estariam em processo de envelhecimento. Isso significa que mais de 5 milhões de pessoas no Brasil já estariam vivendo hoje o que se conhece como fator de ‘exclusão em dobro’.