A indagação que mais nos persegue quando vivemos momentos difíceis,de incertezas, de dor ou de tristeza profunda é “por quê?”.Sempre queremos uma razão que explique ou um motivo que justifique os acontecimentos que nos fazem padecer, seja qual for o tipo ou grau de sofrimento.
Nessas horas buscamos uma resposta, que parece não haver pessoa alguma capaz de nos dar, como um analgésico que, não sendo eficaz na eliminação de nossa dor, pudesse no mínimo aliviar a angústia sentida em todo nosso ser: corpo e alma.
A resposta que procuramos talvez esteja oculta em nossas reflexões ou escondida detrás das lembranças, se não, quem sabe,possamos encontra-la um dia, talvez nunca. O fato é que queremos busca-la.
Se crentes, buscaremos em Deus, na Divindade, no Universo. Se ateus, buscaremos no conhecimento humano ou,ainda, nos amigos, na família, em qualquer lugar do mundo onde, no momento da aflição, parece não haver lugar algum.
Ouviremos muitas teorias na tentativa de justificarem o que nos ocorre. Das mais absurdas àquelas que parecem fazer sentido, ou capazes apenas de míseroalívio ou até de subterfugioso conforto.
Muitas delas efêmeras desculpas habilidosas em suscitar nossa mais profunda irritação. Outras, prontasa promover o refrigériomomentâneo ou nos arrancar um sorriso, até mesmo o riso. Mais algumasque jamais deveriam ter sido verbalizadas.
“Só o tempo”, ouviremos tanto. Não é verdade. Nunca será só o tempo. Serão as pessoas, seremos nós, será o mundo e, por último o tempo, necessário, sim, no seu lugar do espaço.
As pessoas próximas para não nos deixar esquecer que não estamos sozinhos, as distantes para nos mostrar que existe tristeza, mas existe alegria na esperança do reencontro, e as pessoas a nossa volta, conhecidas ou anônimas, para compartilhar de sua energia.
Nós, para reunirmos a força econseguirmos guardarem uma gaveta da nossa alma o sofrimento que nos assola.
O mundo, para mostrar quantos tantos outros sofrimentos iguais ou maiores existeme quanta transformação acontece todos os dias.
O tempo, necessário, no seu próprio espaço, para fazer-nos esquecer de abrir aquela gaveta, a cada dia com menos frequência, com o transcorrer da vida.
Uma sentença parece acertada: “só quem passa sabe”. Porque a dor é individual, os sentimentos são únicos. As ações e reações são diversas.
De qualquer forma, a despeito da indagação inicial, com a resposta ou sem ela, o aprendizado, não o meramente teórico, mas oempírico, seja ele adquirido pelo método hipotético-dedutivo ou dialético e fenomenológico, não será resultado do questionamento “por quê?”, e sim, unicamente, do fruto da reflexão “para que?”.
Sérgio Piva
s.piva@hotmail.com