segunda, 11 de novembro de 2024
Pesquisar
Close this search box.

Anistia pede investigação sobre ataques de Israel a hospitais

A Anistia Internacional (AI) pediu nesta quinta-feira uma investigação imediata sobre os ataques das forças de segurança de Israel a hospitais e profissionais da saúde na Faixa de Gaza, provocando…

A Anistia Internacional (AI) pediu nesta quinta-feira uma investigação imediata sobre os ataques das forças de segurança de Israel a hospitais e profissionais da saúde na Faixa de Gaza, provocando a morte de seis médicos.

A organização não-governamental (ONG) de direitos humanos reuniu testemunhos de médicos, enfermeiros e equipes de ambulâncias que estão na região sobre estes ataques israelitas, no âmbito da operação “Margem Protetora”, que teve início em 08 de julho.

“As descrições angustiantes dos motoristas das ambulâncias e médicos sobre a situação totalmente impossível que têm de trabalhar, com bombas e balas que atingem e matam os seus colegas, que tentam a salvar vidas, mostra a triste realidade da vida em Gaza”, disse Philip Luther, o diretor para o Médio Oriente e Norte da África da Anistia Internacional, citado pela instituição em nota de imprensa.

De acordo com o diretor, é ainda mais alarmante a crescente evidência de que o exército de Israel tem como alvo os serviços de saúde ou os seus profissionais e tais ataques são absolutamente proibidos pelo direito internacional e equivaleria a crimes de guerra.

“Os ataques só adicionam o argumento que a situação deve ser encaminhada para o Tribunal Penal Internacional”, sublinhou Luther.

Hospitais, médicos e equipes de ambulâncias, incluindo aqueles que tentam socorrer os feridos dos ataques israelitas, têm estado sob fogo cerrado desde 17 de julho. Algumas equipes médicas foram impedidas de chegar a áreas críticas, deixando centenas de civis feridos, que ficaram sem acesso a ajuda e também sem assistência para remover os cadáveres de familiares.

Jaber Khalil Abu Rumileh, que supervisiona os serviços de ambulâncias no hospital dos Mártires de Al-Aqsa, relatou à AI o bombardeamento ao centro médico em 21 de julho, que durou cerca de meia hora.

“Eram três da tarde e eu estava trabalhando na unidade de emergência. Eu ouvi a bomba a sacudir o hospital. O bombardeamento atingiu o quarto andar, no qual estão as unidades das grávidas e cesáreas. Então, houve um maior número de impactos. As pessoas ficaram apavoradas, pacientes corriam para fora (do hospital) e os médicos não podiam entrar para socorrer os feridos e retirar os cadáveres”, disse Abu Rumileh à AI.

O supervisor dos serviços de ambulância disse também que o terceiro andar foi atingido e quatro pessoas morreram.“Eu vi uma mulher a correr com a criança que havia acabado de dar à luz. Algumas mulheres deram à luz durante os bombardeamentos”, revelou.

O motorista Mohammad Abu Jumiza ficou parcialmente surdo depois de sofrer ferimentos na cabeça durante um ataque que ocorreu enquanto estava a transportar feridos na sua ambulância, em Khan Yunis, a 24 de julho. O médico Bashar Murad, diretor da unidade de emergência e ambulâncias da Crescente Vermelho Palestino, disse que, desde o início do conflito, dois motoristas de ambulâncias foram mortos, 35 ficaram feridos e 17 ambulâncias ficaram fora de serviço com os ataques israelitas.

“Nossas ambulâncias são frequentemente alvos, embora estejam devidamente identificadas com os sinais de que são ambulâncias. O exército deve ser capaz de distinguir do ar o que estão a alvejar”, disse Murad.

Hospitais da Faixa de Gaza estão sofrem sem combustível e energia, fornecimento de água inadequado e escassez de medicamentos e equipamento médico, segundo a AI. A ONG alertou que esta escassez prevalece há sete anos, desde o bloqueio de Israel na região, tendo a situação piorado desde o início desta nova onda de hostilidades.

Até 05 de agosto, de acordo com o Escritório das Nações Unidas para Assuntos Humanitários, 1.814 palestinianos foram mortos na Faixa de Gaza, sendo 86% de civis, mais de 9.400 ficaram feridas e 485 mil pessoas foram deslocadas, muitas destas estão em escolas e hospitais.

Notícias relacionadas