Uma investigação que durou mais um ano da Delegacia de Investigações Sobre Entorpecentes (DISE) de Votuporanga, iniciada em 2020, acabou com um esquema empresarial criminoso montado por uma quadrilha para espalhar anabolizantes para todo o Brasil, com a prisão do homem considerado o maior fornecedor desse tipo de produto no país.
O desfecho do trabalho de campo das equipes e da Inteligência da Polícia Civil foi nesta semana, com a condenação de três moradores de Votuporanga, sendo um casal e outro envolvido no esquema.
Além deles, outra mulher e um homem, moradores de São Paulo, também foram condenados. As penas aplicadas são elevadas: 14,7 por falsificação, alteração e comercialização de medicamentos, além de 3,6 anos por associação criminosa, totalizando mais de 18 anos de prisão para os três votuporanguenses e para a paulistana, além de mais de 21 anos de prisão para outro morador da Capital.
O ESQUEMA
Os criminosos vendiam diversos tipos de anabolizantes através da internet e através do grupos e conversas pelo WhatsApp, depois os kits eram enviados para ‘clientes’ de todo o Brasil interessados em ganhar massa muscular, ficando com um corpão escultural.
Foi a interceptação de uma dessas ‘encomendas’ pela Polícia Civil, em Ribeirão Preto, com endereço do remetente de Votuporanga que motivou o início da investigação e a consequente ‘queda’ da organização, com atuação também em Valentim Gentil.
ALTO PADRÃO
A clientela do grupo era de alto padrão, desde praticantes de esportes (ciclistas, etc) a fisiculturistas e frequentadores de academias de ginástica da classe A+. O envolvido no esquema, de São Paulo, era dono de duas academias e uma loja de produtos de suplementos e acessórios esportivos. Um dos votuporanguenses se apresentava como coach fisiculturista.Apesar das provas dos envios pelos correios e apreensão de medicamentos nas casas de alguns dos envolvidos, a maioria negou atuar na venda dos produtos.
GUINADA FINANCEIRA
A longa sentença dos réus, de 28 páginas, revela também o lucro obtido com o negócio criminoso. De meados de 2017 a 2021, os envolvidos faturaram quase R$ 500 mil. Com o esquema prosperando, o padrão de vida dos participantes subiu, permitindo aos ex-funcionários de postos de combustíveis, manicure, comerciários e personal, uma nova e melhor vida financeira.
O homem apontado como ‘líder’ do esquema, vivia em condomínio de luxo em São Paulo. Quando o esquema ‘caiu’ a justiça ainda conseguiu bloquear R$ 100 mil em uma das contas do casal votuporanguense.
O grande interesse pelos produtos de origem desconhecida, alguns sem autorização dos órgãos reguladores também é demonstrado pela investigação. Na contabilidade, a polícia encontrou mais de 100 envios diários das ‘encomendas’ pelos correios.
ALGUNS TIPOS DE PRODUTOS DO KIT “CORPÃO”
Foram apreendidos testosterona, esteroide, hormônio sintético, medicamento para câncer de mama, problemas no fígado, modelador corporal, para adquirir massa muscular, para tratamento de deficiência no crescimento, menopausa, tontura, enxaqueca, insônia, etc. O consumo de qualquer medicamento sem avaliação médica pode trazer sérios problemas de saúde.