O advogado Rodrigo Sergio Dias, de Rio Preto, foi denunciado nesta segunda-feira (17) por procuradores da Lava Jato do Rio de Janeiro.
Ele é acusado de integrar “uma organização criminosa que tinha por finalidade a prática de crimes de corrupção, peculato e fraudes a licitações”, aponta o Ministério Público Federal (MPF). Os crimes ocorreram em Goiás e no Rio de Janeiro.
Dias é primo do secretário estadual de Transportes Metropolitanos do governo de João Doria (PSDB), Alexandre Baldy, que também foi denunciado pelos mesmos crimes. Figuram na denúncia 11 pessoas no total. Baldy está licenciado do cargo e é acusado de receber cerca de R$ 2,5 milhões em propina. Destes, R$ 1,1 milhão teriam sido para Baldy e Dias. Os primos foram presos temporariamente, mas soltos por determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes.
Em um dos trechos da denúncia, Rodrigo Sergio Dias aparece como receptor, por exemplo, de propina para auxiliar uma empresa a fechar contrato com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). De acordo com a investigação, Rodrigo Dias teria tentado emplacar a empresa Vertude em contratos junto ao Poder Público, o que não conseguiu.
À época, segundo o MPF, Rodrigo Dias era presidente da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), no governo de Michel Temer (MDB). Posteriormente, já no governo de Jair Bolsonaro (sem partido), Dias assumiu em 2019 o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação.
Posteriormente, um acordo teria sido fechado para que a empresa fosse contratada pela Fiocruz com valor de R$ 4,5 milhões. O contrato teria sido firmado com auxílio de um funcionário da Fiocruz Guilherme Franco Netto, que também figura entre os denunciados.
Baldy sempre negou as acusações. Ele afirma ainda que teve o direito de defesa violado. Dias não atendeu às chamadas feitas em dois de seus celulares. O DLNews não conseguiu localizar os demais denunciados. O espaço está aberto para que se manifestem.
Lava Jato em Rio Preto
No último dia 6, após os pedidos de busca e apreensão e prisão preventiva feitos pelo MPF, o juiz Marcelo Bretas, da Lava Jato carioca, determinou os mandados para São Paulo, Rio de Janeiro, Goiás e Brasília. No Estado de São Paulo, dois endereços de Rodrigo Dias apontaram para Rio Preto. Isso porque Rodrigo Dias tem participação em uma empresa familiar na cidade.
Agentes da Polícia Federal não encontraram documentos que poderiam incriminar a empresa de Rio Preto. No entanto, em um dos endereços, os agentes encontraram duas armas irregulares com um tio de Rodrigo Dias. Ele foi conduzindo à delegacia e solto após pagamento de fiança.
Dias, até então, demonstrava boas relações com rio-pretenses. Ele foi, inclusive, homenageado na Câmara de Rio Preto. Em dezembro de 2018, a Câmara realizou sessão solene para entregar o título de Cidadão Honorário Rio-Pretense a Rodrigo Dias. A sessão foi presidida pelo vereador Fábio Marcondes (PL). Entre os presentes, estava o deputado federal Geninho Zuliani (DEM), de Olímpia, que havia sido eleito em outubro.