quinta-feira, 19 de setembro de 2024
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Alckmin diz que virada ocorrerá em quatro dias

No último comício da campanha de Geraldo Alckmin (PSDB), tucanos e aliados compararam a disputa eleitoral ao movimento pelas Diretas. O comício de Alckmin, que começou por volta das 18…

No último comício da campanha de Geraldo Alckmin (PSDB), tucanos e aliados compararam a disputa eleitoral ao movimento pelas Diretas. O comício de Alckmin, que começou por volta das 18 horas desta quarta-feira, ocorreu no Vale do Anhangabaú, Centro de São Paulo, mesmo local onde em abril de 1984 cerca de 1,5 milhão de pessoas se reuniram para lutar contra a ditadura.

O PT e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foram acusados de se associar a defensores da repressão militar, como o economista Delfim Neto, chamado de “algoz da ditadura” pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

Ao contrário do comício da década de 80, o comício de Alckmin reuniu cerca de 5 mil pessoas, segundo a Polícia Militar. O discurso mais inflamado foi novamente o de FHC, que tem elevado o tom de suas críticas nessa terá final da campanha. Quando falou sobre corrupção no governo, desafiou o presidente, pedindo que ele apontasse os responsáveis pela tentativa de compra do dossiê contra os tucanos.

“Presidente Lula, tenha a hombridade de dizer quem fez isso para eu poder respeitá-lo. Enquanto, o sr. não tiver coragem de dizer quem fez isso, pode ganhar ou perder a eleição, que, para mim, o sr. acabou”, afirmou FHC. “Eles (PT) nos acusam de jogar a sujeira para debaixo do tapete. O tapete deles deve ser voador”, ironizou o ex-presidente, sob os aplausos do público.

Alckmin também criticou as alianças de Lula com Delfim Netto e com o senador José Sarney. Ele acusou a oposição de mudar de lado. “Vinte e dois anos depois, estamos aqui de novo. Quem mudou foram nossos adversários. O partido da ética virou o defensor da mentira política”. E emendou: “o Lula fala contra as oligarquias ao lado do Sarney. Hoje, o mentor dele é o Delfim Netto, o homem do AI-5”, disse o tucano.

Ao lado dos tucanos José Serra, Alberto Goldman, Tasso Jereissatti, e Jorge Bornhausen, presidente nacional do PFL, o deputado federal Roberto Freire, presidente do PPS, também fez comparações entre o período atual e o da ditadura. “O Vale do Anhangabaú me lembra a campanha das Diretas. Aqui nesse palanque, formou-se a aliança democrática e não ficou ninguém que defende a ditadura”, disse. “Domingo, vamos ver se queremos o Brasil dominado por uma quadrilha”, afirmou Freire.

Virada
A possibilidade de uma virada no domingo também foi reafirmada por Alckmin, que disse que “contra todas as pesquisas” conseguiu chegar ao segundo turno. “A diferença não é grande, nas nossas avaliações é de um dígito. Temos tudo para transformar nesta reta de chegada”, disse Alckmin. Ele chamou o presidente de “arrogante” por ele dar como certa a vitória no domingo. “Vamos tirar a diferença nos próximos quatro dias”, disse no palco.

Em seu discurso, o candidato a vice-presidente, José Jorge (PFL), também apostou na virada. “Só faltam 25%”, disse, após afirmar que no primeiro turno sua chapa alcançou 40 milhões de votos e que ele acredita ser necessário alcançar 52 milhões para vencer a eleição.

De olho nos eleitores que apoiaram as candidaturas de Cristovam Buarque e Heloísa Helena, Alckmin afirmou estar comprometido “com o que havia de melhor” nas duas candidaturas. O candidato prometeu “abraçar a bandeira da educação” de Cristovam Buarque e disse que vai se inspirar em Heloísa Helena. “Os princípios e a coragem moral de Heloísa Helena serão meus compromissos”. A senadora, no entanto, não declarou apoio a nenhum presidenciável no segundo turno.

Alckmin voltou a tocar no tema das privatizações, lembrando que o comício era realizado ao lado do antigo prédio dos Correios, entidade que, segundo ele, foi envolvida na corrupção pelo atual governo. “O governo não deve ser luta patrimonialista. Nós vamos ‘despetizar’ o governo para ele servir ao povo e não a um partido político”.

Tumulto
Tanto na área vip, reservada aos políticos e seus convidados, quanto no meio da multidão, houve muito tumulto e empurra-empurra. O calor foi adversário e fez com que algumas pessoas passassem mal. Os seguranças tentavam, em vão, conter o público, que empurrava as grades para ter acesso à área ao lado do palco. Além disso, foi preciso ter atenção redobrada, pois ocorreram furtos durante o comício.

O ex-ministro da Justiça José Gregori, foi um dos que passaram aperto no setor vip. Espremido entre lideranças partidárias, vereadores, deputados e militantes, tentou encontrar a passagem que o levaria ao palco. Só conseguiu dez minutos depois. Mesmo assim, não perdeu o bom-humor. “Está tudo muito embolado. No nosso tempo, a gente organizava melhor o comício das Diretas”, disse, rindo.

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