Em reunião na manhã desta segunda-feira, o ex-governador Geraldo Alckmin, que está de saída do PSDB, ouviu um apelo de dirigentes de centrais sindicais para que aceite ser vice na chapa encabeçada pelo ex-presidente Lula (PT). Estavam presentes os comandos da Força Sindical, UGT, Nova Central e CTB. Dirigentes da Força afirmaram ter deixado claro ao ex-governador que o querem como vice do petista em 2022.
Em resposta, segundo três participantes do encontro, Alckmin disse ter se preparado novamente para concorrer ao governo do estado, mas afirmou que “surgiu a hipótese federal”. Essa hipótese exigirá trabalho, mas, segundo o ex-governador, “caminha”.
— Preparei-me novamente para ser governador do estado. Surgiu a hipótese federal. Os desafios são grandes. Essa hipótese caminha e eu considero essa reunião com as quatro principais centrais histórica — afirmou Alckmin, de acordo com os relatos.
Chamou a atenção dos presentes o fato de Alckmin ter tratado em sua fala da conjuntura internacional e dos caminhos para o Brasil sair da crise. As questões estaduais ficaram de lado.
Além disso, Alckmin citou em sua fala as diversidades nacionais. Lembrou que quando foi candidato a presidente em 2006 teve 85,07% dos votos válidos na cidade gaúcha de Arroio do Padre, enquanto Lula obteve 97,2% dos votos válidos na cidade de Central do Maranhão (MA).
Outro ponto destacado pelos sindicalistas foi o fato de o ex-governador ter aceitado rapidamente o encontro. O convite havia ocorrido na sexta-feira.
— Dentro da situação atual, seria muito importante que ele aceitasse (ser vice de Lula). Nós daremos todo o apoio — afirmou Miguel Torres, presidente da Força.
Com saída anunciada do PSDB, Alckmin não deu pistas para qual partido migrará. A decisão só deve ocorrer no começo do próximo ano. Estão no horizonte do tucano o PSB, o PSD e o União Brasil.
— Não há dúvida que o movimento sindical coloca com muita simpatia uma relação com uma pessoa como é o Alckmin em São Paulo e o Lula no Brasil, que sempre tiveram um tratamento republicano e respeitoso conosco — disse Ricardo Patah, presidente da UGT, ligado ao PSD.
Patah confirmou que Alckmin abordou temas nacionais em seu discurso, mas aposta que, mesmo assim, ele deve concorrer a governador.
— A fala foi muito focada na saúde. Tratou da macropolítica, da desindustrialização. Na questão política, tem essa relação com o Lula. Mas a minha impressão é que ele vai ser candidato a governador de São Paulo. É uma interpretação subjetiva, um pouco diferente da dos companheiros.
Caso decida concorrer a governador, os caminhos mais prováveis de Alckmin seriam o PSD e o União Brasil. Se optar por ser vice de Lula, a chance maior é de o ex-governador ingressar no PSB.
Alckmin deve se reunir com sindicatos ligados à alimentação no dia 8 e aos metalúrgicos no dia 16.
Uma chapa de Alckmin e Lula é vista como difícil, mas não impossível pela cúpula do PT. Os dois se encontraram duas vezes nos últimos meses e abriram um canal de diálogo.
Pessoas próximas a Lula contam que não houve convite para a aliança e que as conversas fizeram parte do esforço do petista de criar interlocução com atores comprometidos com a democracia, diante dos ataques às instituições feito pelo presidente Jair Bolsonaro.
Em conversas internas, Lula ressalta que Alckmin tem compromisso com a democracia e que todos conhecem a sua forma de pensar e agir, dado o seu longo histórico na política. O ex-presidente cita os ataques proferidos pelo tucano quando o enfrentou na eleição presidencial de 2006, mas considera que, apesar de duros, estiveram dentro do aceitável. Além disso, como governador, sempre tratou os então presidentes Lula e Dilma Rousseff com respeito.