segunda, 16 de junho de 2025
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Agressão brutal em enfermeira na UPA de Jales escancara crise na Saúde Pública e violência contra profissionais

Uma enfermeira foi brutalmente agredida por uma acompanhante na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Jales, no interior de São Paulo, na noite de 6 de maio. O incidente, ocorrido por volta das 23h, escancara a crescente violência contra profissionais da saúde e a sobrecarga do sistema público, em um cenário que adoece quem está na linha de frente do cuidado.

Segundo relatos, a agressora, uma acompanhante de paciente, demonstrou insatisfação com a demora na liberação do CROSS (Central de Regulação de Ofertas de Serviços de Saúde), processo que não depende da UPA, mas sim da regulação estadual e da disponibilidade de leitos. Em surto, ela se dirigiu ao posto de enfermagem, proferindo gritos e ofensas contra médicos e enfermeiros.

O que começou como uma explosão verbal escalou rapidamente para a agressão física. A mulher chutou a bandeja de uma técnica de enfermagem que se preparava para medicar um paciente, colocando em risco a segurança do atendimento. Em seguida, em um ato brutal, enforcou a enfermeira de plantão, jogando-a contra o próprio paciente que acompanhava. A profissional sofreu arranhões visíveis no pescoço, evidenciando a violência da agressão.

“Não consigo expressar o tamanho da minha indignação. Até quando nós, profissionais da saúde, vamos precisar suportar esse tipo de abuso? A enfermagem está no limite”, desabafou a enfermeira agredida, em uma declaração que reflete o esgotamento da categoria.

O caso em Jales não é um fato isolado, mas sim um retrato alarmante de um sistema de saúde em colapso. Profissionais da enfermagem, em particular, relatam estarem cansados, emocionalmente esgotados e adoecidos pelo descaso que afeta a população, mas com o agravante de estarem presos em um ciclo de trabalho exaustivo, invisibilidade institucional e, cada vez mais, violência física e verbal.

A UPA de Jales e seus profissionais, assim como em outras unidades de saúde do país, são as primeiras a lidar com a frustração e os gritos da população, a aguentar a sobrecarga de trabalho e as más condições, sem, contudo, ter controle sobre a disponibilidade de vagas ou o sistema de regulação. “A enfermagem não é culpada pela falta de vagas. A enfermagem não tem controle sobre o sistema de regulação. A enfermagem não é saco de pancadas”, clama o texto original que denunciou o caso.

A agressão na UPA de Jales, portanto, não é um incidente isolado contra uma profissional, mas um ataque simbólico a toda a categoria da enfermagem, que está sendo empurrada ao limite do sofrimento mental e físico. Diante desse cenário, a demanda por responsabilização dos agressores, por maior segurança nas unidades de saúde e por um posicionamento firme das autoridades torna-se cada vez mais urgente e inadiável.

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