Diagnosticada com cardiomiopatia restritiva (quando os músculos cardíacos se tornam rígidos, comprometendo o fluxo sanguíneo) em abril deste ano, Maria Fernanda Francisco, de 11 anos, recebeu um novo coração na noite desta terça-feira (2), no Hospital da Criança e Maternidade (HCM) de Rio Preto.
Faz 45 dias que a menina, que mora em Jaci, está internada na unidade após fazer um tratamento para dengue (o que prejudicou no diagnóstico do tipo mais raro de miocardiopatia). Maria Fernanda entrou para a lista de transplante no dia 7 de maio. A espera pelo novo coração durou apenas 25 dias. O órgão veio do Hospital Municipal de Sorocaba, a doadora era uma garotinha de 10 anos.
O autônomo Fernando Henrique Francisco, pai da Mafer (como Maria Fernanda é chamada pelos amigos e profissionais do hospital), conta que a filha sempre foi uma criança ativa e adorava fazer atividades físicas com os pais. Mas, em março deste ano, Mafer começou a ficar cansada.
“Ela não queria mais fazer caminhadas, correr nem pedalar de bicicleta. Então, ela começou a ficar deitada no sofá, mexendo no celular. Nós pensamos que era a adolescência chegando, mas um dia ela foi para a escola e começou a sentir dores abdominais fortes, foi quando fomos ao médico, fizemos exames e descobrimos a doença após ela fazer o tratamento para dengue. Desde então, estamos internados no hospital”, conta.
Mafer ainda não acordou após o transplante, ela está sedada no quarto, acompanhada pela mãe Josimara.
“Nós somos muito católicos e temos muita fé em Deus e em Nossa Senhora. A Maria Fernanda ficou abaladinha com a notícia da doença e ficou um pouco fria, distante. Mas fomos conversando com ela e as diversas orações que recebemos nos fortaleceram. Mesmo diante do medo, estávamos confiantes e seguros ontem à noite. Deus foi muito rápido conosco e agora ela terá dois aniversários”, disse.
Mafer terá a vida eternamente marcada pelo dia 3. A data de seu nascimento é dia 3 de dezembro. Nessa madrugada, dia 3 de junho, ela já estava com o novo coração.
Durante todo o tempo de internação, Mafer recebeu incentivo dos familiares e dos amiguinhos da escola, que a viam do lado de fora da instituição, pela janela. “As amiguinhas e professoras fizeram cartazes. Todos se reuniam lá fora e ela dava tchauzinho pela janela. Isso deu muita força pra ela”, conta Fernando.
O transplante foi conduzido pelo médico Ulisses Croti, chefe do Serviço de Cardiologia e Cirurgia Cardiovascular Pediátrica da unidade materno-infantil do Hospital de Base. Este foi o 9º transplante de coração infantil do HCM.
Desde 1992, data do primeiro transplante do complexo, já foram realizados mais de 5,2 mil transplantes de coração, pâncreas, córneas, rins, fígado e medula.
Rio Preto é a única cidade a realizar transplantes de coração de crianças do interior do Brasil. Os outros centros transplantadores localizam-se em capitais de Estado.
No vídeo abaixo, confira o momento em que Mafer chega no centro cirúrgico para o transplante: