Revolta, necessidade de segurança, atitude das autoridades e repúdio à imagem negativa, que na maioria das vezes a sociedade atrela a categoria, são os motivos que levaram os agentes penitenciários do Estado de São Paulo a realizarem um protesto durante esta semana.
Indignada, principalmente, com uma reportagem divulgada nos últimos dias pela Revista Veja – ocasião em que o meio de comunicação expôs os casos de alguns agentes que foram coniventes com a entrada de armas e drogas em presídios -, a classe agora quer mostrar à população que é digna de respeito e, com exceção de alguns integrantes, é honesta e muito ética.
Os funcionários do sistema prisional da região Oeste do Estado, na qual estão inseridas as penitenciárias de Riolândia e Mirandópolis, além do CDP (Centro de Detenção Provisória) e o IPA (Instituto Penal Agrícola) de São José do Rio Preto, já se reuniram na última semana com a sua coordenadoria. Na oportunidade foram providenciadas faixas, cartazes e tarjas pretas de tecido, que serão usadas nos braços dos agentes a partir de amanhã.
Conforme Antonio Aparecido dos Santos, que é um dos agentes que trabalham na unidade de Riolândia, o manifesto segue até o próximo dia 4. “Não deixaremos de fazer nosso trabalho, mas essa será uma forma de chamar a atenção não só da comunidade, quanto das autoridades para o fato de que oito agentes já morreram, além de 24 policiais militares, sete civis e três guardas municipais, por causa dos ataques e ameaças da facção criminosa denominada PCC (Primeiro Comando da Capital). E, ao invés de algo ser feito, nossa categoria é atacada e denegrida. Todos sabem que existem funcionários corruptos em todas as categorias, mas também há os bons, pessoas que no nosso caso arriscam suas vidas e a de suas famílias, para garantir a segurança dos demais”.
Já o agente Luiz Gustavo Motta, companheiro de trabalho de Antonio lembrou da morte do diretor do CDP de Mauá, Wellington Rodrigo Segura, 31 – fato recente que segundo ele, contribuiu para o aumento da revolta da categoria. “Amanhã faz um mês da morte que mais um dos nossos foi morto sem chances de reação, emboscado, fuzilado. Qual o seu erro? Trabalhar corretamente? Não se corromper? Aplicar a lei como a mesma deve ser aplicada? Não atender a pedidos desvairados de marginais que se sentem no direito de impor barganhas com o estado de direito, como que se estivessem fazendo um favor à sociedade? Realmente não sei qual o erro de Wellington, apenas sei que o seu erro é o mesmo cometido por vários outros funcionários que também se negam a trair seus ideais, que lutam por uma vida mais segura para seus filhos, que lutam para poder dormir de janelas abertas em noites de verão”, finalizou. (Colaborou Leliane Petrocelli)