quinta-feira, 19 de setembro de 2024
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Agente de turismo procura polícia após ser acusado de furtar celulares

Um agente de turismo, de 29 anos, procurou a polícia para denunciar um caso de calúnia sofrido por seguranças do evento Oba Festival, realizado durante o período de carnaval em…

Um agente de turismo, de 29 anos, procurou a polícia para denunciar um caso de calúnia sofrido por seguranças do evento Oba Festival, realizado durante o período de carnaval em São José do Rio Preto (SP). Darle Bispo Chaves foi acusado pela equipe de estar roubando aparelhos celulares durante a festa.

Darle mora em Goiânia (GO) e fala que foi para o evento a convite do amigo, Ricardo Chaves, que mora em Potirendaba (SP). Ambos contam que estavam na pista, perto de um bar, quando foram abordados por cerca de seis seguranças.

“Sem dizer nada, eles já me agrediram e começaram a me arrastar e levar para fora da festa. Eles me levaram para uma sala fechada e longe do público, onde eu então perguntei o que estava acontecendo e me disseram: você vai falar onde estão os celulares que vocês roubaram, nós vimos pelas câmeras. Em seguida entraram outros dois homens, que se diziam policiais, afirmando que se eu não entregasse os celulares, eu iria ser espancado e que ia morrer”, relata Darle.

Ricardo afirma que o tratamento com Darle foi mais agressivo e acredita que seu tom de pele tenha feito a diferença. “Eu também fui acusado de estar furtando os celulares, porém, a forma como eu fui tratado era bem diferente. Comigo não usaram força física e já com o Darle o trataram como bandido”, explica.

Ainda na sala com os seguranças, Darle relata que um dos agentes conversou com uma mulher pelo rádio, perguntando se, de fato, a pessoa seria ele. “A mulher então respondeu que, se fosse preto e tivesse com a camisa do Bahia, seria eu mesmo. O fato aconteceu na madrugada do dia 13 de fevereiro, quando é o dia em que os foliões podem ir fantasiado. Como eu sou baiano e torcedor do Bahia, estava com a camiseta do time”, fala.

Ao lado do portão, que estava trancado, além de Ricardo, outras pessoas também presenciaram a abordagem e pediam para que soltassem o rapaz, pois o que estavam fazendo com ele era um ato de racismo.

“Eu cheguei a ligar três vezes para a Polícia Militar, porém, as ligações não completaram. Eles [seguranças], diziam que tinham imagens da gente cometendo os crimes e pedimos para que as imagens fossem analisadas, porém, nada ficou comprovado e liberaram o Darle sem nem pedir desculpas. Espero que isso nunca mais se repita”, diz Ricardo.

Darle afirma que ainda está muito abalado com a situação e vai lutar por justiça.

“Eu sempre dizia que, se um dia fosse vítima de racismo, não ficaria abalado, porém, é impossível. Estou muito mal com tudo o que aconteceu e ainda muito envergonhado pela humilhação que passei”, fala.

O boletim de ocorrência foi registrado como calúnia, porém, o advogado de Darle discorda da tipificação do crime, pois os atos e acusações foram praticados em razão da cor, da discriminação e do preconceito contra negro e, por isso, levará o caso ao Ministério Público.

“A calúnia ofende a honra, e por isso a própria vítima é a promotora da ação. Já o racismo é muito mais grave, é ação penal pública de legitimidade do Ministério Público. E, ainda que se tipifique como injúria racial, o Ministério Público conduzirá o caso na esfera criminal, enquanto os advogados demandarão no Juízo cível”, diz.

Procurada, a assessoria de imprensa do OBA Festival disse em nota que a organização do evento é rigorosamente contrária a abordagens da forma como foi relatada e está averiguando o fato junto à equipe terceirizada de segurança.

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