Dois adolescentes foram detidos suspeitos de matar a travesti Rodrigo Matheus Santos Pereira, 20 anos, que usava o nome social “Dani” e era natural de Sud Mennucci, na noite do último domingo (dia 24), em Rio Preto. O assassinato aconteceu no Jardim Paraíso. A dupla foi detida nesta quarta-feira (dia 27), no Vale do Sol, em Rio Preto. A Polícia Civil investiga também a participação de uma terceira pessoa, que seria um rapaz de 18 anos, irmão de um dos acusados. De acordo com o delegado Alceu Lima de Oliveira Júnior, desde o dia do crime, a Delegacia de Investigações Gerais (DIG) tentava capturar os suspeitos. “Estávamos tentando localizar os envolvidos, assim como revólver usado no dia do assassinato. Hoje pela manhã [quarta-feira, dia 27] conseguimos localizar o trio na casa de um deles”, disse o delegado durante coletiva à imprensa. O revólver usado no assassinato da travesti também foi apreendido. “A arma estava escondida no telhado da casa vizinha de um dos acusados. Ainda não localizamos o carro”, explica Alceu. A vítima foi atingida por um tiro na região do tórax e chegou a ser socorrida, mas não resistiu ao ferimento.
Em depoimento à polícia, os adolescentes disseram que o rapaz não teve participação no crime.Os adolescentes, segundo o depoimento, estavam “em guerra” com as travestis. “Na semana passada, houve um desentendimento envolvendo os adolescentes e alguns travestis. Durante essa briga, as duas partes envolvidas chegaram a trocar pedradas”, explicou o delegado. No dia do crime, os suspeitos foram até o local onde Dani estava e atiraram contra o seu peito, que morreu antes de chegar à Unidade de Pronto Atedimento (UPA) Norte.
Ainda de acordo com o delegado, o assassinato foi além de uma retaliação pela briga, mas também houve intolerância homofóbica por parte dos adolescentes. “O rapaz que foi morto não estava envolvido na briga da semana passada, então no primeiro momento suspeitamos que houvesse um equívoco, mas hoje os menores relataram que saíram armados e pretendiam atirar no primeiro travesti que encontrassem. Eu vejo isso como caso de homofobia”.
Os dois adolescentes estão com mandados de apreensão expedidos pela Vara da e Infância e Juventude. Eles já têm passagem por tráfico e outra tentativa de homicídio. Já o maior, a Polícia ainda procura ligação com o assassinato. A arma usada no crime, um revólver calibre 38, foi encaminhado ao Instituto de Criminalista (IC) que fará analise com a bala retirada do corpo da travesti. Enquanto a Polícia Civil ouvia os adolescentes, cerca de 15 travestis faziam um manifesto pacífico em frente ao prédio da DIG. Elas pediam por Justiça e que os menores ficassem detidos. Uma das travesti, que pediu para não ser identificada, disse que a briga com os menores é antiga. “Eles [suspeitos] sempre nos agride, nos ameaçam e sempre que estamos na avenida eles jogam pedra. Eles têm de ficar preso. Queremos Justiça” disse.
Gazeta de Rio Preto