Um garoto de 14 anos foi detido na segunda-feira (18), em uma escola dos arredores de Paris, acusado de bullying contra uma jovem trans. A prisão ocorreu dentro da sala de aula, diante do resto da classe. O episódio, que suscitou reações, coincide com os anúncios do governo francês de endurecer as penas contra assédio escolar no país.
A polícia entrou na sala de aula de um colégio de Alfortville, cidade ao leste de Paris, para prender um estudante de 14 anos, suspeito de ter assediado uma menina de 15 anos pelas redes sociais.
Segundo fontes próximas da investigação, o jovem era o autor de várias ameaças contra uma adolescente que estudava em outro colégio. Ele teria enviado mensagens avisando que iria “degolar” a garota. “Tenho ódio da sua raça, morre, se mata veado, travesti”, escreveu. Um dia após a detenção, ele confessou ser o autor das mensagens.
As denúncias de assédio foram amplamente condenadas, mas a prisão do agressor em plena sala de aula também suscitou críticas. Mas as autoridades, em uma tentativa de mostrar o exemplo aos camaradas, na esteira dos anúncios recentes de endurecimento das sanções contra os casos de bullying escolar na França, afirmaram que a detenção foi feita dentro da lei.
“Tudo foi feito de acordo com a Procuradoria” e a “equipe educativa”, declarou o porta-voz do governo, Olivier Véran. “É assim que enfrentaremos esse flagelo do assédio, é assim que protegeremos também os nossos filhos, enviando estas mensagens fortes”, insistiu.
“Reação rápida”
O ministro francês da Educação, Gabriel Attal, disse “compreender” que a prisão do adolescente em plena sala de aula “pode suscitar questionamentos”. Mas declara que “não pode haver serenidade sem autoridade” e que os casos de assédio exigem “uma reação rápida”. “Ninguém deve subestimar um fenômeno que leva à morte trágica muitos jovens no país e que destrói a vida de outros milhares”, insistiu.
O bullying escolar, que atinge um em cada dez alunos na França, foi apontado como uma prioridade para o governo. Esse tipo de assédio já é um delito na França desde o ano passado. Segundo uma lei de março de 2022, os autores estão sujeitos a penas de 10 anos de prisão e € 150.000 de multa.