sexta, 15 de novembro de 2024
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Adolescente morre após ser diagnosticado com “abalo psicológico”

Um adolescente de 14 anos morreu nos braços do pai menos de 12 horas após ser atendido por uma enfermeira e uma assistente social na Unidade de Pronto Atendimento (Upa)…

Um adolescente de 14 anos morreu nos braços do pai menos de 12 horas após ser atendido por uma enfermeira e uma assistente social na Unidade de Pronto Atendimento (Upa) de Serra Sede, na Grande Vitória.

Carlos Henrique dos Santos Pereira chegou à Upa na manhã de sábado sentindo fortes dores no peito e foi atendido por uma enfermeira que faz a classificação de risco em pacientes. A enfermeira, segundo a família, não diagnosticou a gravidade do caso e encaminhou Carlos Henrique para uma assistente social, que deu alta ao jovem atestando que ele estava apenas abalado psicologicamente. Em nenhum momento o adolescente foi avaliado por um médico.

— Cheguei a pensar que estava conversando com uma pediatra e no final descobri que era assistente social. Eu perguntei: “vocês não vão fazer nenhum tipo de exame nele?” Elas disseram que não porque o caso não era grave. Ela simplesmente olhou para ele, nem tocou no meu filho— disse a mãe do jovem, a auxiliar de serviços gerais Roseni Oliveira, em entrevista à TV Gazeta, afiliada da Rede Globo no Espírito Santo.

A mãe contou que o adolescente, que cursava a sexta série do ensino fundamental, começou a passar mal na semana passada com um quadro de tosse e respiração ofegante e que caminhava com dificuldade. Por volta das 7h de sábado, ela levou o filho à Upa. Carlos Henrique tinha uma dificuldade na fala e não conseguia pronunciar corretamente as palavras. Por isso, segundo a mãe, a assistente social entendeu o gesto de falar pouco como um sinal de que o adolescente sofria bullying. A assistente social recomendou que ele fosse para casa e que, na segunda-feira, procurasse uma unidade de saúde para realizar uma nova avaliação. Por volta das 17h30 de sábado, o adolescente voltou a passar mal, em casa, e desta vez o pai o levou a Upa de Serra, de ônibus.

— Ele já não estava mais lúcido quando teve a primeira convulsão. Carreguei ele nos braços dentro do ônibus. Antes de desmaiar, ele me deu um abraço bem apertado, me deu um beijo. Senti que ele estava partindo. Ele não merecia aquilo que ela [assistente social] fez, mandar ele morrer em casa. Ela deveria ter, pelo menos, pedido uns exames nele. Acho que a prefeitura e o governo devem observar com muito critério o profissional que estão contratando. Não aguento pensar na forma que meu filho foi tratado— desabafou o pai Ronaldo Pereira.

Ao chegar na Upa, os médicos de plantão tentaram reanimar o menino, mas ele já estava morto. O corpo do adolescente foi encaminhado ao Serviço de Verificação de Óbito e depois para o Instituto Médico Legal. O velório e enterro aconteceram no domingo. Ainda não se sabe se o adolescente foi vítima de infarto. Um laudo com a causa da morte deve ficar pronto em 30 dias. A prefeitura de Serra, que administra a Upa, defendeu os profissionais que trabalham na unidade, mas abriu um procedimento para investigar a conduta da enfermeira e da assistente social.

— Quem faz a classificação de risco é um enfermeiro capacitado para tal. Na nossa rotina se não tem risco ele encaminha para o serviço de referência para ter acesso ao tratamento. Abrimos uma sindicância para apurar o caso e já afastamos as duas profissionais— disse a secretária interina de saúde de Serra, Eida Borges.

O Conselho Regional de Enfermagem e o Conselho Regional de Assistência Social ainda não se pronunciaram sobre a conduta das duas profissionais.

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