Um dos crimes que mais chocaram a região está perto de ser julgado. Eleandro Bordin, acusado de matar Lucas da Silveira Peixe, 23 anos, senta no banco dos réus no dia 7 de outubro, às 10h, na Câmara de Tanabi. O crime ocorreu em 12 de junho de 2008, na Fazenda São Luiz, em Cosmorama, às margens da rodovia Euclides da Cunha (SP-320). No próximo dia 21, às 13h40, no Fórum da mesma cidade, será realizado o sorteio dos 25 nomes que deverão compor o Conselho de Sentença para o Tribunal do Júri. Os trabalhos acontecem na sala de audiências da 1ª Vara.
O jornal Diário de Votuporanga acompanhou todo o caso com reportagens especiais: a localização do corpo, a prisão de vários suspeitos, a reconstituição do crime e a espera da família pelo júri popular. O juiz de Direito de Tanabi, Ricardo de Carvalho Lorga, pronunciou Bordin em 5 de fevereiro do ano passado – quase dois anos após o homicídio -, acrescentando que o crime pode ter sido cometido à traição, emboscada ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa da vítima (inciso IV do Código Penal).
Desde março do ano passado, o processo estava no Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo já que houve recurso da defesa de Bordin para não ocorrer o júri. O Ministério Público de Tanabi recorreu e destacou a importância do julgamento ser feito por sete pessoas leigas da sociedade. O TJ manteve o pedido do MP, feito pela promotora Flávia Cristina Semeviva e pela assistente, a advogada Mariflávia Peixe de Lima.
Pronúncia
Segundo a denúncia que consta nos autos da pronúncia do juiz, o acusado jamais confessou o que o motivou a matar Lucas. Eleandro teria chamado a vítima para ir com ele de carro até o matagal, onde fariam uso de entorpecentes.
O acusado dirigia seu carro, levando a vítima e também M.A.S., conhecido como “Batoré”. Chegando ao local escolhido, o acusado parou o carro e Lucas desceu para fazer um cigarro de maconha e crack, agachando-se perto do veículo.
Sem que Lucas pudesse perceber, sendo impossível que se defendesse, o acusado teria apontado uma arma e efetuou um disparo, atingindo a cabeça da vítima. Lucas caiu. O acusado aproximou-se e teria lhe dado mais dois tiros. Vendo que a vítima estava morta, o acusado teria ameaçado a testemunha “Batoré” para que nada dissesse sobre o ocorrido, que acabou contado tudo à autoridade policial.
Esperanças
O pai da vítima, Cláudio Peixe, está esperançoso para que o acusado seja condenado, mas teme a posição da defesa em distorcer o ocorrido. “O trabalho do delegado Ali Hassan Wanssa [titular de Cosmorama na época das investigações] foi maravilhoso, não tenho o que reclamar, mas temo a defesa do acusado em convencer os jurados”, disse.
Ele critica a demora pelo julgamento, já que o crime completou em junho de 2011, três anos. “O que conforta a família é saber que o acusado está preso”, rebateu.
Peixe disse que Boldrin era amigo do jovem, e que o homicídio teria ocorrido por causa de ciúmes de uma mulher. “O Lucas tinha uma namorada que era Rio Preto e ela veio morar aqui, mas não ficaram mais juntos. Ai o Boldrin teria iniciado o namoro, porém, ela ligava para o meu filho e os dois se encontravam. Acho que Boldrin não aceitou esse sentimento que ela mantinha por ele”, opinou, dizendo que nada havia sido provado formalmente.
O pai também falou que no dia da exumação do corpo – ocorrido em 2009 devido a uma estratégia da defesa do acusado em levantar a hipótese de que a vítima não teria morrido, mas estaria vivendo em outro país -, a ex-namorada foi impedida de entrar no Cemitério Municipal de Cosmorama. “Ela subiu no muro e foi ver. Isso foi uma demonstração de que ela tinha um sentimento por ele”, falou.
Peixe fala que não perdoa o acusado. “É muito difícil perdoar alguém que matou seu filho. Minha vida mudou completamente. Acredito que nada justifica o que ele fez”, encerrou.
O Diário tentou falar com o advogado Giancarlo Ribeiro de Lima, que defende o acusado, mas a secretária informou que ele estava viajando.