Sócrates Washington Pires de Souza foi condenado a 9 anos de reclusão em regime inicial fechado, porém, o acusado poderá responder em liberdade e não saiu algemado da Comarca de Votuporanga. A sentença foi dada pelo juiz de Direito da 1ª Vara, Jorge Canil.
De acordo com o Ministério Público, representado pelo promotor José Vieira, o homicídio praticado pelo acusado foi por motivo torpe. “O Sócrates fez tudo de caso pensado. Ele desferiu seis tiros no gari Eliton Miranda Passados, conhecido por “Butiquim”, provocando-lhe a morte. Os tiros foram disparados por um revólver de calibre 38″, afirmou o promotor. Como não houve flagrante, o promotor, o juiz da 3ª Vara José Manuel Ferreira Filho, e o delegado de polícia Ali Hassan Wanssa decidiram que Sócrates poderia aguardar o julgamento em liberdade. “Nenhuma testemunha presenciou o crime, porém, há comentários de que Butiquim teria ameaçado de matar Sócrates. A arma utilizada no homicídio também não foi encontrada, mas a Polícia Técnico-Científica encontrou um facão pelo local, sem procedência”, disse.
Duas testemunhas de defesa foram ouvidas por Jorge Canil. O primeiro a falar foi o atual padrasto de Sócrates, dizendo que depois do homicídio, a família foi ameaçada pela família da vítima. Ainda disse que o autor dispensou a arma na rodovia enquanto seguia para a cidade de Américo de Campos. O padrasto alegou que o enteado agiu em legítima defesa, pois o gari sempre andava armado com um facão na intenção de tirar a vida de Sócrates. O segundo a falar foi o ex-padrasto, que em versão menos contraditória, disse apenas que já separou discussões do autor e da vítima por duas vezes. Porém, não soube informar se Sócrates sempre teve revólver em casa.
Diferente do que foi dito para o delegado, Sócrates confirmou para o juiz que sempre sustentou a casa, inclusive comprava leite para a filha que a sua atual teve com o gari. “Eu cometi o crime porque estava sendo ameaçado por Eliton, que dizia que me mataria com um facão. No dia do crime eu atirei cinco vezes contra ele, porque estava com medo de morrer. Não contei a história anteriormente para o delegado porque também estava com medo de acontecer alguma coisa comigo. Eu havia comprado a arma fazia três anos, comprei por comprar, mas nunca atirei antes e agi por legítima defesa”, concluiu. O acusado já ficou preso durante um ano porque se envolveu em uma briga com policiais militares. Os PMs fizeram uma abordagem em uma roda de amigos, em que estava Sócrates. Os rapazes começaram a agredir os policiais e foram presos, mas depois de um ano foram absolvidos.
O acusado disse que o primeiro tiro foi na parte frontal do corpo da vítima. Em seguida, o gari saiu correndo e continuou sendo atingido pelos tiros na região das costas. “Até hoje sou ameaçado de morte. Me apresentei somente três meses depois do ocorrido porque estava escondido em Américo de Campos com medo de que alguém da família de Eliton me encontrasse e acontecesse o pior comigo”.
Em gravação mostrada pelo promotor aos jurados na Sessão do Tribunal do Júri, a ex-companheira de Sócrates, que também já foi companheira da vítima, relatou que Sócrates não trabalhava e que vivia com hematomas, pois era agredida pelo criminoso. A moça falou que o motivo das agressões era ciúmes por parte dele.
Para José Vieira, o acusado comprou o revólver para matar. “O laudo da perícia afirma que o último tiro foi o fatal. Ele atirou nas costas do gari enquanto a vítima corria. Assim que Eliton caiu ao solo, Sócrates terminou de matá-lo com um tiro de cima para baixo. A vítima tinha 1,95 cm, ou seja, para atirar de cima para baixo só se alguém subisse em escada, o que não foi o caso de Sócrates, que atirou quando Eliton já estava ao solo”.
Já de acordo com o advogado de defesa, Gesus Grecco irá recorrer à sentença, pois o autor pegou regime fechado. “Ele é réu primário, então tentarei reduzir a pena para seis anos. Porém, ele irá responder em liberdade e não sairá algemado do Fórum. Gesus derrubou a qualificadora: motivo torpe, afirmando que o acusado defendeu a mulher e que isso não poderia ser considerado um “motivo torpe”.
O crime
Em 7 de março de 2012, por volta de 21h50, no cruzamento das avenidas Conde Matarazzo e Presidente Dutra, Sócrates efetuou disparos de arma de fogo contra Eliton Miranda passos, provocando-lhe lesões corporais que causaram a morte.
Paola Munhoz/Votunews