terça-feira, 24 de setembro de 2024
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Acusado de matar a família está em surto psicótico a 20 dias

O aposentado Nilson de Andrade Justino, 47 anos, está em uma cela da DIG (Delegacia de Investigações Gerais) sem tomar medicação desde domingo, quando teve a prisão temporária decretada, sob…

O aposentado Nilson de Andrade Justino, 47 anos, está em uma cela da DIG (Delegacia de Investigações Gerais) sem tomar medicação desde domingo, quando teve a prisão temporária decretada, sob acusação de matar a mulher, Lucelena de Sousa Pinheiro Andrade Justino, 40, e suas duas filhas, Tatiana Pinheiro Justino, 23, e Mariana Pinheiro Justino, 18. Elas morreram de traumatismo craniano causado por marretadas, e depois foram decapitadas, dentro de casa, no Solo Sagrado, zona norte de Rio Preto. Justino tem distúrbios mentais e estava em surto havia cerca de três semanas, segundo familiares e vizinhos.

De acordo com o delegado Alceu Lima de Oliveira Júnior, desde ontem o acusado está acompanhado de mais duas pessoas na cela, passa a maior parte do tempo de cabeça baixa e quase não fala. “Até agora ele não deu trabalho. Não considero que representa risco para as outras pessoas.”

O professor de psicologia social da Unesp de Assis Luiz Carlos da Rocha avalia que o aposentado vinha sofrendo de uma psicose paranoica e que deveria estar internado numa unidade de custódia para tratamento de saúde mental. “Ele representa risco, inclusive para si próprio.” Justino começou a apresentar distúrbios após ter ficado sob a mira de um revólver durante um assalto, há cerca de seis anos.

Tânia Donizetti Pinheiro, 40, contou que a irmã, Lucelena, e Justino haviam ido à sua casa na última quinta-feira. “Falei para minha irmã que ele tinha de ser internado, mas ela tinha medo que no hospital fizessem algum mal a ele, pois estava muito fraco, tinha doença nos ossos.” Segundo Tânia, o cunhado falava que estava sendo filmado e vigiado o tempo todo. “É uma tragédia difícil de prever. Ele fazia confusão entre o que era realidade e o que era fantasia”, avalia o professor da Unesp.

Capoeira

Lutador de capoeira no passado e apreciador de lutas marciais, num surto que teve há cerca de três anos, Justino começou a golpear árvores e, segundo uma amiga da família, foi ao centro e bateu em um estranho. “Ele também passava noites em cima do telhado”, falou. Amiga da filha mais nova, Bruna Laiane Polizel, 15, disse que Mariana ultimamente estava preocupada com a saúde do pai e temia que algo de ruim acontecesse. “Ele tinha muito medo das pessoas. Só ficava dentro de casa.”

A mãe do aposentado disse que ele sempre teve instinto agressivo. “Sofri muito porque tive um filho que se envolveu com drogas e ele (Justino) não aceitava. Batia nele, e chegou ao ponto de impedir que o menino entrasse dentro de casa.”

A delegada da Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) Margarete Franco, responsável pelo caso, disse que no momento não pretende pedir o exame de sanidade mental do aposentado. “Agora minha preocupação é investigar como o crime ocorreu e quais foram as motivações.” Margarete disse que pretende concluir o inquérito antes do prazo de 30 dias e, ao final, deverá pedir a prisão preventiva de Justino. “Foi um homicídio triplo e teve requintes de crueldade”, justificou. Até a tarde de ontem, nenhum advogado tinha se apresentado na DDM como defensor do aposentado.

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