O chefe do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), brigadeiro-do-ar Jorge Kersul Filho, disse que é calúnia qualquer insinuação sobre a participação de homens da Aeronáutica no desaparecimento de objetos pessoais das vítimas do acidente com Boeing da Gol, ocorrido em setembro de 2006. Familiares das vítimas reclamaram o sumiço de bens e documentos no local da queda da aeronave.
Na sessão da CPI desta terça-feira, a presidente da Associação dos Familiares das Vítimas do Vôo 1907, Angelita Marchi, voltou a afirmar que diversas carteiras de vítimas do acidente foram devolvidas aos familiares sem documentos pessoais importantes, como identidade e CPF, e sem cartões de banco, de crédito e cheques.
Segundo ela, que representa 40 vítimas e tem mais de 80 familiares associados, apenas carteiras de associações e papéis sem valor foram entregues aos familiares.
Durante a sessão, o brigadeiro Kersul leu uma carta em homenagem aos homens da Aeronáutica e deixou a sala da CPI do Apagão Aéreo no Senado chorando.
Ele detalhou as dificuldades da operação de resgate dos corpos, que contou com cerca de 800 homens, e apresentou um texto homenageando os “homens de honra” que participaram da ação.
“Poucos lhes agradeceram e reconheceram seu trabalho, poucos estão interessados em suas condições de trabalho e chegam a caluniá-los (…) Não se abatam pelas injustiças, o Brasil ainda precisará de vocês”, dizia o texto.
O brigadeiro lamentou também os familiares tenham divulgado o problema tenha sido o da divulgação na imprensa e disse que familiares também estiveram no local do acidente e, por isso, “também são suspeitos”.
Kersul Filho disse ainda que o avião da Gol pode ter sofrido um rompimento de sua estrutura no ar, jogando aparelhos ou bagagens para fora.
A advogada da Gol, Carla Coelho, disse a CPI que a empresa buscou respaldo do Ministério Público para ver qual seria a melhor forma de restituir os bens das vítimas do avião da empresa que se chocou com um Legacy, em setembro do ano passado. Ela disse ainda que alguns familiares não quiseram receber os pertences e permitiram doações ou incineração.