sábado, 23 de novembro de 2024
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A segunda onda do Covid ainda está por vir, afirma infectologista

A médica infectologista, Talitha Tonini de Oliveira, uma das profissionais linha de frente, na Santa Casa de Votuporanga, do combate à pandemia da Covid-19, concedeu entrevista exclusiva ao A Cidade…

A médica infectologista, Talitha Tonini de Oliveira, uma das profissionais linha de frente, na Santa Casa de Votuporanga, do combate à pandemia da Covid-19, concedeu entrevista exclusiva ao A Cidade para falar sobre a atual situação do vírus no município. A profissional da saúde respondeu a perguntas sobre o aumento dos casos de Covid-19, o que para ela não se trata de segunda onda, pois a esta ainda está por vir, reinfecção, sequelas que a doença tem deixado e os desafios enfrentados até aqui.

Doutora Talitha é médica pela Faculdade de Ciências médicas de Santos, Infectologista pela Famerp e docente no curso de Medicina da Unifev. Ela ainda é mestranda em Educação nas Profissões da Saúde pela PUC-SP e atua como Infectologista do SAE (Serviço de Atendimento Especializado) de Votuporanga, CCIH (Comissão de Controle da Infecção Hospitalar) do Hospital Unimed e integrante da equipe de Clínica Médica da Santa Casa de Votuporanga e da equipe do Covid-19.

Confira a entrevista:
Pela quantidade de internações dos últimos dias, é possível afirmar que estamos vivendo uma segunda onda da Covid-19 em Votuporanga e na região?
Nós estamos vivendo uma realidade diferente de outras cidades, de outros países e a gente teve sim um aumento de caso aqui em Votuporanga, um aumento importante no número de casos nas últimas semanas, mas a gente acredita que esse número ainda pode ser muito maior porque a gente acredita que essa segunda onda ainda está por vir.De acordo com a evolução da pandemia que aqui em São Paulo aumentou os números de casos a tendência é aumentar aqui na nossa cidade um pouco depois.Estamos aguardando essa segunda onda.

A doença está deixando sequelas permanentes nos pacientes? Quais são as principais sequelas?
Sim, a doença tem deixado algumas sequelas sim, inclusive dependência de oxigênio em domicílio. A gente já tem alguns casos de Fibrose Pulmonar em alguns pacientes a gente tem visto doenças cardiológicas e sem falar nas complicações relacionadas diretamente à Covid-19 que são as embolias, trombose, infecções secundárias e os distúrbios psiquiátricos.

Houve algum avanço cientifico em relação ao tratamento de pacientes com a Covid-19?
Em relação a avanço científico a questão de tratamento é o que a gente tem hoje, não tem nenhuma medicação que seja um milagre do tratamento.Éque a gente aprendeu,nesses últimos meses de pandemia, que algumas medicações têm sim seus efeitos colaterais, elas inclusive podem causar desfechos ruins em alguns pacientes, e a doença ela tem uma manifestação diferente em cada indivíduo, então o tratamento ele é individualizado, cada um deve receber aquilo que tem que receber, de acordo com as manifestações que tem apresentado.Não tem uma receita padrão, não existe uma recita de bolo para isso. Temos algumas medicações que a gente lança mão que são parecidas para todos os pacientes, mas na esperança de evitar complicações e não de tratamento de cura do vírus.

Quais foram e ainda estão sendo os principais desafios para os médicos em relação à pandemia?
Acho que o maior desafio para os profissionais de saúde, para os médicos, equipe de enfermagem, fisioterapeutas… é o cansaço, o desgaste físico, psicológico do próprio dia a dia. Nós somos em poucos e estamos trabalhando no nosso limite já há meses, então acho que o maior desafio para nós é continuarmos de pé conseguindo fazer o nosso trabalho.

Nos últimos dias houve relatos de reinfecção. Esse termo é correto?
Acho que falar em reinfecção agora é um tema bem polêmico, pois é uma coisa nova é uma coisa que está sendo falada no mundo todo com muita cutela, porque existe também a reativação do vírus, então para você afirmar que é uma reinfecção precisa ter uma análise genética desse vírus, precisa ter alguns critérios para afirmação de uma reinfecção, então acho que a gente tem que ter cuidado de falar nisso agora mesmo porque é tudo muito novo e a gente também não sabe como que isso vai ser. Se isso for confirmado, se existe uma piora, se o paciente vai evoluir de uma forma pior, melhor, então a gente não tem o que falar sobre reinfecção.

Na sua opinião, já é possível seguir uma vida “normal” atualmente ou é preciso esperar a vacina?
Bom, na minha opinião, acho que vida normal é uma coisa um pouco cedo para gente dizer que as coisas podem voltar ao normal. Acredito que as pessoas ainda têm que ter muito respeito pela doença. Acho que a vida tem que voltar ao normal no sentido de trabalho, a gente tem que voltar a trabalhar, a gente tem que voltar a viver a vida, mas respeitando a doença. E a questão de esperar a vacina, sim acho que todo mundo tem que esperar a vacina, porque acho que a vacina vai fazer com que a gente tenha esperança dessa vida normal. Acho que esperar a vacina é o que todo mundo deve fazer.

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