Nessa semana, a TV TEM apresentou reportagem sobre um bairro da periferia de Rio Preto. Na matéria, que rendeu entrevistas e discussões acirradas em âmbito nacional, foi mostrada a dura realidade enfrentada pela população do Jardim Paraíso.
A equipe da emissora de tevê fez um levantamento no bairro e apontou 37 locais de prostituição, quatro pontos de tráfico, sete motéis e duas boates de exploração sexual. Um dos vários motéis que funciona no bairro tem autorização para funcionar porque foi aberto antes da aprovação de uma lei que proíbe os locais na área urbana de Rio Preto. Todos os outros não têm licença e deveriam estar lacrados. Corta a cena!
É incrível que tenha sido necessário uma emissora de televisão escancarar as mazelas de uma sociedade e principalmente a desídia estatal.
Detalhe: no bairro funciona uma Delegacia de Polícia. Pior do que isso é ouvir de uma autoridade pública que aquela triste realidade ocorre no local há mais de duas décadas e é de conhecimento de todas as autoridades. Ora, isso não se concebe. Essa é a pátria educadora que nós queremos?
É desalentador que isso ocorra em meio a tantos avanços e em plena revolução tecnológica. O estado (e quando uso esse termo falo de maneira geral, englobando o Município, o Estado e a União) tem a obrigação de atuar em conjunto em todas as suas esferas, mas, infelizmente, como bem disse um delegado ouvido na matéria, “os órgãos estatais têm pouca articulação, lamentavelmente. Infelizmente é assim, cada um cuida do seu pedaço, é cultural isso no Brasil. Mas sentar na mesma mesa e solucionar não”.
Bingo! Voltamos para o próximo ato.
Após as reportagens da tevê, uma operação em conjunto com policiais civis e a Polícia Militar terminou com a prisão de 11 suspeitos por envolvimento com tráfico de drogas e exploração de prostituição no local. Pronto. Assunto resolvido. Vamos para o próximo bairro ou cidade, ou estado. O país é o mesmo: Brasil sil sil….
Henri Dias é advogado em Fernandópolis (henri@adv.oabsp.org.br)
