Nos últimos meses, têm pipocado aqui e acolá diversas paralisações de servidores públicos federais. A última é a dos funcionários do Ministério das Relações Exteriores.
Não bastassem os policiais federais realizando a chamada “operação padrão” nas fiscalizações de fronteira e aeroportos, agora também estão suspensas a emissão de vistos, passaportes, certidão de casamento, nascimento e óbito no país e nas embaixadas brasileiras espalhadas por todo o mundo.
Não queremos discutir se esses servidores ganham muito ou pouco e se têm direito às manifestações grevistas.
O que ninguém colocou em discussão, até o momento, é o prejuízo evidente da população, das pessoas que usam e pagam pelos serviços públicos que não estão sendo prestados.
Segundo consta, mais de 300 mil servidores estariam em greve, apostando, segundo os analistas, na “orquestração do caos”, ou seja, forçando a paralisação de diversas categorias.
Com essa atitude, o governo estaria obrigado a atender as reivindicações por causa da comoção popular. Ledo engano!
Todo mundo está careca de saber que essas manifestações não têm respaldo popular algum, muito pelo contrário.
A população não aceita que os servidores paralisem o país em busca de melhores salários para uma pequena “casta” de endinheirados, já que o movimento paredista abrange não somente os servidores que efetivamente recebem salários menores ou que estão sem aumento já há muitos anos, mas também, e principalmente, servidores que recebem salários exorbitantes para um país com mais de 12 milhões de miseráveis e onde o salário mínino é de R$ 622.
Todas as categorias de servidores são importantes e devem receber salários dignos, porém essa premissa deveria valer também para o cidadão comum, que é obrigado a pegar duas, três conduções para chegar ao seu trabalho e receber salários ainda mais indecorosos, sem contar as outras dificuldades públicas e notórias do assalariado.
Independente da questão salarial, os servidores não têm o direito de paralisar o país. Isso não é greve, isso é um verdadeiro abuso de poder.
É pensamento comum que o governo deveria regulamentar o direito de greve no serviço público, de uma vez por todas, mas isso também vai sendo empurrado com a barriga, criando uma verdadeira bomba relógio. Um dia desses, essa bomba vai explodir.
De tudo, ao menos vemos uma luz no fim do túnel, já que a presidente Dilma não tem dado muita atenção e até mandou cortar o ponto dos grevistas, atingindo no bolso aqueles que aderem às greves mas continuam recebendo seus salários religiosamente.
Oxalá a presidente se mantenha firme nesse ponto, senão mais uma vez ficará aquela mesma certeza de sempre: a população é que “paga o pato”. Até quando?
Henri Dias é advogado em Fernandópolis
(henri@adv.oabsp.org.br)