O linchamento virtual ou cancelamento é um tema contemporâneo e amplo do mundo moderno oriundo do advento da internet. Tenho trabalhado em minhas palestras, workshops e nos atendimentos (Life coaching – treinador de vidas) o despertar das pessoas para esta nova e irreversível realidade.
Não conseguimos acompanhar a evolução da complexa e ágil informação nos nossos dias, são diversas redes sociais e uma série de aplicativos, games, etc. O entretenimento para esta geração é o grande inimigo da realização pessoal e da efetividade na qualidade de vida real e não virtual.
Não podemos deixar de abordar sobre a overdose de redes sociais que vem fazendo muitos viverem mais virtualmente, preocupando-se mais com os “likes”, gerando conteúdo de exposição com suas próprias vidas e muitas vezes vivendo aquilo que não é verdadeiro, algo montado, com intuito de gerar seguidores.
Quantos transtornos o uso abusivo da exposição nas redes ou o uso excessivo delas podem causar? Inúmeros. O mundo pós pandemia com certeza corroborou por um acentuado aumento tornando muitos enfermos emocional e psicologicamente.
Com tanta modernidade e com tanto tempo do dia dispensado pelas pessoas na internet uma série de problemas novos e que não temos a esperteza de lidar ou sequer entender tem surgido, um deles é a cultura do linchamento ou cancelamento virtual.
Estes novos termos se referem a uma forma coletiva de ignorar totalmente alguém e tudo que essa possa fazer ou produzir com objetivo de justiça e ódio. Tudo isso acontece sem data certa para seu início e consiste em julgar atos cometidos nas redes sociais com teor negativo para a maioria da sociedade. Sabemos que, a internet é um trabalho e uma forma de ganhar dinheiro para muitos tornando esta cultura um pesadelo de quem vive disso.
Em 2015 o New York Times tratando deste assunto publicou a história de uma executiva, Justine Sacco que decidiu compartilhar em seu twitter sua ida a África do Sul com a seguinte legenda: “Espero não pegar Aids na minha estadia”. Ao chegar em seu destino a mesma viu que seu comentário havia viralizado e com ele a repercussão negativa que resultou na demissão da empresa em que trabalhava e um massacre dos internautas.
Ainda se tratando sobre o ódio disseminado pela rede, há hoje um tipo de pessoa denominada “hater”- palavra em inglês que significa aquele que odeia, que normalmente está pronta a expor sua opinião de forma raivosa e odiosa, pronta para o abate. A visão dos haters trazem grande julgamento social neste novo tempo. Com ele vemos o crescimento de muitas injustiças. Acusado algum indivíduo se torna implacavelmente julgado e condenado sem chances de reparação. Isso levou muitos artistas e influenciadores a serem atacados e a perderem patrocínios, shows, meios de se sustentarem e sobreviverem da sua arte ou exposição dela.
Desta forma, não gostou da publicação de determinado influencer? Simplesmente se cancela, se exclui, se difama, se julga, às vezes só pelo fato de não concordar com o que a mesma vive, pensa ou expõe.
Preciso abordar também que nosso mundo no tempo que vivemos é extremamente intolerante com “bullying”, racismo, injustiças, muitas brincadeiras que eram toleradas há alguns anos atrás, hoje em dia são consideradas de muito mal gosto. O tribunal da internet se utiliza disso e transformou o cancelamento em uma cultura.
Para concluirmos acredito que é importante citar o caso mais recente que aconteceu no Big Brother Brasil com a rapper Carol Konca. Apesar de não acompanhar o reality show não pude deixar de ver a comoção na internet de certas atitudes que a mesma teve no programa global. Ontem a odiada cantora teve o maior índice de rejeição e deixou a casa vigiada sendo cancelada por suas atitudes e discurso. Hoje ela é a cancelada da vez. Quem será a próxima? Eis que vivemos o novo misterioso normal!