Ainda que a nossa Constituição determine que o Estado seja laico, a realidade é bem diversa e o Brasil está em festa com a visita do Papa Francisco.
A lamentar, tão somente as tentativas (frustradas, ainda bem) do governador Sérgio Cabral e da Presidente Dilma capitalizar politicamente a visita.
Menos mal que, receosos das vaias que certamente tomariam nas ruas, os dois políticos se restringiram a eventos fechados e regados a dinheiro público, o que, convenhamos, é um absurdo, pese o Papa seja merecedor de toda pompa e circunstância.
Aliás, a visita acontece em boa hora para a Igreja Católica, assustada com a crescente diminuição de seus fiéis detectada pelo Datafolha em pesquisa divulgada no último final de semana.
A expectativa é que a presença do Santo Padre contribua para dar maior vigor aos seguidores da doutrina cristã, abalada pelo crescimento evangélico nos últimos anos.
Segundo os especialistas, a queda do número de fiéis e o avanço de outras igrejas mostram que a Igreja Católica não soube se renovar, sendo que a concentração do poder no Vaticano e o apego a dogmas questionáveis, como o veto ao divórcio e à ordenação de mulheres e o celibato, são os grandes desafios do papa argentino.
Isso sem contar outra grande dificuldade da Igreja Católica que tem sido o desafio de encontrar alguém com o carisma de João Paulo II, que era bastante querido e visitou o país em três ocasiões durante seus 27 anos de pontificado, a primeira delas em 1980, causando uma das maiores comoções na história do País, então um feudo absoluto da religião católica.
Nesse ponto, comungo da ideia daqueles que acreditam que o mais importante não é continuar sendo a maioria, mas manter os fiéis num momento em que existe uma profunda mudança cultural no país.
Enfim, sobre a visita, li que “a alegria e a solidariedade cristã que tomam conta dos participantes do evento acaba contaminando a maioria do povo brasileiro, que, por tradição, é hospitaleiro e quer o bem para o nosso país, ficando fácil se render à beleza e à magnitude dessa jornada, que prega o bem às pessoas e a harmonia na convivência entre os povos e as nações”.
Então, a bênção, Francisco!
