O Tribunal de Justiça do Distrito Federal, através da 20ª Vara Cível de Brasília, concedeu ao ex-piloto de Fórmula 1, Nelson Piquet, um prazo de 15 dias para que o mesmo se manifeste e explique as manifestações consideradas racistas e homofóbicas realizadas contra Lewis Hamilton.
O despacho do juiz Felipe Costa da Fonseca Gomes atende a uma ação civil pública impetrada por entidades ligadas a movimentos negros e LGBTQIAP+ que, juntas, pedem a condenação do ex-esportista e uma condenação com pagamento de R$ 10 milhões por danos morais coletivos – quando um ato é cometido contra uma categoria de indivíduos. O pedido foi assinado pela Educafro (Educação e Cidadania de Afrodescendentes e Carentes), o Centro Santo Dias de Direitos Humanos, a Aliança LGBTI+ e a Abrafh (Associação Brasileira de Famílias Homotransafetivas). Se condenado, o valor da indenização será destinada ao Fundo Nacional de Direitos Difusos.
Entenda o caso
Em entrevista gravada em novembro de 2021, mas divulgada apenas em junho de 2022, o ex-piloto de Fórmula 1 comentou sobre a colisão envolvendo Hamilton e Max Verstappen – em que o holandês abandonou a corrida devido à batida – durante o Grande Prêmio da Inglaterra de 2021. Em sua fala, Pique diz que “o neguinho [Lewis Hamilton] meteu o carro e não deixou [desviar]. O [Airton] Senna não fez isso. O Senna saiu reto. O neguinho meteu o carro e não deixou [Verstappen desviar]. O neguinho deixou o carro porque não tinha como passar 2 carros naquela curva. Ele fez de sacanagem”, declarou. Na sequência, ao opinar sobre o campeão da categoria de 1982, Keke Rosberg, o brasileiro afirma que seu rival era “uma bosta” e evocou o campeonato de Nico Rosberg – filho de Keke – para, novamente, atacar Hamilton.
“É que nem o filho dele [Nico]. Ganhou um campeonato. O neguinho [Hamilton] devia estar dando mais c* naquela época [em 2016, quando perdeu o campeonato para Nico], aí tava meio ruim”, disse. Em sua defesa, Piquet minimizou a expressão ‘neguinho’ e alegou que também utiliza o adjetivo para se referir “a alguns amigos brancos”.