Por unanimidade (9 votos a 0), a Câmara Municipal de Montenegro, no Vale do Caí, no interior gaúcho, cassou o mandato da vereadora bolsonarista Camila Oliveira (Republicanos) em sessão extraordinária realizada nesta segunda-feira (16).
Camila, que não compareceu à sessão, está inelegível por oito anos.
A parlamentar gravou, acompanhada de duas adolescentes em seu gabinete, um vídeo em que o trio aparece segurando uma bandeira do Brasil e um quadro com a imagem do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
A letra da música compara mulheres de esquerda a cadelas. O material foi veiculado nas redes sociais da vereadora, durante o segundo turno da campanha eleitoral do ano passado.
A denúncia de quebra de decoro parlamentar foi apresentada pelo Partido Democrático Trabalhista (PDT), mas foi a força da mobilização das mulheres que fez a diferença para que a vereadora fosse realmente punida.
O processo contra Camila foi aberto em outubro de 2022 e conduzido pela Comissão Processante integrada pelos vereadores Felipe Kinn da Silva (MDB), Ari Müller (PP) e Valdeci Alves de Castro (Republicanos).
É a primeira vez na vez na história de 150 anos da Câmara de Montenegro que ocorreu um pedido de cassação de mandato de integrante do legislativo.
A composição atual era de oito vereadores e duas vereadoras. Com a cassação de Camila, foi empossado no final da sessão o vereador Cristian Souza, também do Republicanos.
O grupo Feminina Montenegro comemorou a decisão. O coletivo, formado por mulheres de todos os segmentos sociais e cores partidárias, acompanhou as sessões da Câmara desde a instalação do processo, na luta por justiça, destacou a jornalista Tina Griebeler, uma das integrantes do movimento.
“Muito triste ter que se mobilizar para tirar uma mulher que era para nos representar e defender pautas das mulheres”, avaliou a ex-candidata a vice-prefeita Liliane Melo (PT).
“Não foi nem um pouco agradável ter que acompanhar esse processo. Mas a postura foi totalmente machista e infelizmente teve que se pedir a cassação. Não é isso que gostaríamos de ver. Esperamos que daqui pra frente se possa fazer escolhas mais assertivas para que a gente coloque mulheres que defendam nossas pautas”, ressaltou Liliane.