Maconha, cocaína e bebida alcoólica, as três drogas mais usadas em nossa sociedade sempre fizeram parte da vida do pintor Luciano Lopes Pedrosa e do mecânico Evilásio Piovesan. Recuperandos do ‘Lar Bom Samaritano’, os dois são grandes batalhadores.
Eles têm motivos de sobra para comemorar. Depois de sofrerem por mais de uma década no mundo das drogas e pondo suas vidas, estão obtendo sucesso no tratamento.
Aspecto cadavérico
O pintor Luciano, ex-viciado em maconha, bebida alcoólica, cocaína e crack, está no ‘Lar Bom Samaritano’ há três meses. Antes de conhecer o lar, havia sido internado por duas vezes em um centro de recuperação em Pirajuí. Cercado de más companhias quando saía para ‘curtir’ as noitadas, Luciano foi dependente químico por 20 anos e gostava de usar droga quando ficava sozinho. “Comecei nas drogas aos 14 anos e sempre preferi ‘curti-las’ sem ninguém por perto. Morava com meus pais e irmãos e nunca dava um centavo sequer para ajudar em casa, tudo era para comprar drogas. Gastava todo dia com essas porcarias e cheguei a vender objetos de casa para manter meus vícios”.
Devido ao uso freqüente de drogas, o pintor chegou a emagrecer 10 quilos. “Não tinha mais fome, estava magro e parecia um doente. As pessoas tinham preconceito quando saía às ruas, minha aparência era cadavérica”.
A visita de um seminarista foi o ponto-chave para a recuperação de Luciano. “Uma vez um seminarista me visitou e me chamou para conhecer o Lar. Conversei com o padre Osvaldo e resolvi me aproximar dos ensinamentos de Cristo. Hoje me sinto uma nova pessoa, recuperada, mas tenho medo dos perigos que a vida nos reserva lá fora, bem como as amizades ruins. Por isso quero continuar por mais um tempo no Lar. Aqui a gente reza bastante, assiste a missas e participa de partilhas”.
Desespero
Já o mecânico Evilásio, 34 anos, foi usuário de maconha e cocaína por 17 anos. Bebida alcoólica também fazia parte de sua vida. Casado, estava enlouquecendo por causa das drogas.
“A maior parte do meu salário era para sustentar as contas de bar e drogas. Nunca consegui parar com o vício, dezenas de tentativas em vão. Mentia para minha esposa, tentava esconder o meu problema. No final, não suportando mais essa vida, recorri à minha esposa”.
O mecânico está há quatro meses no ‘Lar’ e acredita que a etapa inicial de recuperação foi vitoriosa.
“Sinto-me bem, não tenho mais aquela vontade de correr atrás de bebida e drogas. Por vontade própria e com ajuda da esposa, vim para o lar com o intuito de me recuperar. Acredito que estou conseguindo”.
Delegado da Dise esclarece o ‘rumo’ dos entorpecentes
Uma dúvida que paira na cabeça de muita gente é “Que fim tem o entorpecente quando apreendido pela polícia?”. O delegado titular da Delegacia de Investigações Sobre Entorpecentes (Dise) explica como se dá o ‘fim’ das drogas.
“O primeiro passo após a apreensão do entorpecente é leva-lo ao Instituto de Criminalística de Catanduva. Lá os peritos verificam o tipo e a quantidade da droga. O laudo preliminar é divulgado imediatamente. Sem esse laudo não podemos lavrar o flagrante, pois podemos apreender farinha e achar que é cocaína”.
A segunda etapa é comunicar o flagrante ao juiz da Comarca e, depois, pedir novo laudo, agora definitivo, realizado em São José do Rio Preto. “Em 15 dias o laudo chega. Tudo é encaminhado ao juiz da Comarca, que analisa o fato. A droga, depois, é lacrada e guardada em cofres das delegacias”.
A última etapa, incineração. “Terminado o processo, o entorpecente está apto para ser incinerado, algo que é feito em Catanduva mesmo. Convidamos membros da sociedade civil e autoridades como testemunha da incineração. Toda droga é queimada”, finalizou o delegado Mário Bento.