domingo, 22 de setembro de 2024
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Cintra: “Escândalo na arbitragem profissionalizou a categoria”

Árbitro Cintra é tido como uma das melhores revelações dos últimos anos da arbitragem no país Considerado um dos melhores e mais polêmicos árbitros do Brasil, Rodrigo Martins Cintra esteve…

Árbitro Cintra é tido como uma das melhores revelações dos últimos anos da arbitragem no país

Considerado um dos melhores e mais polêmicos árbitros do Brasil, Rodrigo Martins Cintra esteve em Catanduva, no último domingo, para comandar a goleada de 4 a 0 do Grêmio Catanduvense sobre o Votoraty, oportunidade em que concedeu uma entrevista exclusiva ao Notícia da Manhã.

O juiz comentou as seqüelas do escândalo que acometeu a arbitragem brasileira no ano passado, com o árbitro Edílson Pereira de Carvalho.

“Após o episódio, a pressão sobre nós passou a ser bem mais intensa. No entanto, o aspecto positivo é que as atitudes envolvendo a arbitragem ficaram mais profissionais”, relatou.

Nascido na cidade do Rio de Janeiro, Cintra tem 30 anos, dos quais 10 dedicados à arbitragem. O juiz ficou conhecido em todo o Brasil quando se envolveu em uma polêmica com o técnico do Santos, Vanderlei Luxemburgo, que havia insinuado, após a derrota para o São Paulo por 3 a 1 (Campeonato Paulista), que Cintra era homossexual.

Hoje, o caso corre na Justiça e o árbitro acompanha o desenrolar a distância.

“Foi uma estratégia para desviar o foco da derrota de sua equipe. Até para isso, o técnico precisa ter classe para não ofender as pessoas”, desabafou.

Em apenas cinco anos, Cintra passou a integrar o quadro da Federação Paulista de Futebol (FPF) e da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Jovem, é tido como ícone da renovação da arbitragem no país.

Assim como a maioria dos árbitros, o grande sonho dele é representar o Brasil em uma Copa do Mundo. “Quando aparecer uma oportunidade para integrar o quadro da Fifa, tenho que estar bem preparado”, projetou. Leia:

Notícia da Manhã: Como foi seu início de carreira na arbitragem?
Rodrigo Martins Cintra: Comecei aos 20 anos, na Faculdade de Educação Física de Minas Gerais. Na época, estudante, todos acreditavam que já conhecia as regras do futebol por estar no meio esportivo. Apitei as primeiras partidas em uma competição da própria faculdade, onde sempre recebi muitos elogios. Em seguida, fui chamado para integrar o quadro de árbitros de uma liga local. Foi quando dei início a uma série de cursos de arbitragem, feitos em São Paulo. Em 1999, já estava no quadro da Federação Paulista de Futebol (FPF). Meus primeiros jogos que considero importantes apitados foram finais de competições das categorias de base promovidos pela FPF. Em 2001, fui indicado para integrar o quadro da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Hoje, conto com mais de 100 partidas apitadas nas primeiras divisões dos campeonatos Paulista e Brasileiro.

NM: Você esperava ter tido uma ascensão tão rápida em sua carreira?
Cintra: Foi tudo muito rápido mesmo. Tenho 30 anos, e muita coisa mudou em minha vida nos últimos cinco anos como árbitro. Hoje, em São Paulo, estou em terceiro no ranking geral da FPF e o primeiro no Nacional dentro do Estado (os que estão acima de Cintra são árbitros ligados ao quadro da Fifa). As chances de ter uma carreira internacional existem. No entanto, preciso fazer bons jogos para, quando surgir uma oportunidade, estar bem preparado.

NM: O maior sonho de todo árbitro é representar o Brasil em uma Copa do Mundo?
Cintra: Tenho 15 anos de arbitragem ainda pela frente. A expectativa é conseguir chegar a integrar o quadro da Fifa. Integrando o quadro internacional, a próxima meta é participar de um campeonato como a Copa do Mundo.

NM: O episódio envolvendo o escândalo do Edílson Pereira de Carvalho deixou seqüelas graves na arbitragem nacional?
Cintra: Em um primeiro momento, foi triste, pois faz parte da nossa categoria. Graças a Deus pegaram (o Edílson) e puniram todos os envolvidos. No entanto, após o episódio, a pressão sobre os árbitros aumentou muito mais, mas as cobranças com relação aquele fato diminuíram. O aspecto positivo desse episódio foi o profissionalismo com que a arbitragem está sendo levada hoje em dia. (Além de Edílson Pereira de Carvalho, os acusados são Paulo José Danelon, além de Nagib Fayad, Vanderlei Antonio Pololi, Daniel Gimenes, Fernando Francisco Catarino e Pedro da Rocha Brites. Eles são acusados de estelionato e formação de quadrilha. O pivô do escândalo, Edílson Pereira de Carvalho, também responde por crime de falsidade ideológica. Na época, Edílson era do quadro da Fifa. Recentemente, o ex-árbitro lançou o livro, “Cartão vermelho”, contando toda a sua versão sobre o escândalo e por que aceitou entrar para a organização que manipulava resultados)

NM: Como a categoria dos árbitros encara episódios como o que envolveu você e o técnico do Santos, Vanderlei Luxemburgo, que o acusou publicamente de ser homossexual? Foi uma estratégia de mídia dele para desviar o foco da derrota santista? (Na oportunidade, o Santos tinha acabado de ser derrotado pelo São Paulo por 3 a 1, no Campeonato Paulista desse ano. Na entrevista coletiva após a partida, Luxemburgo insinuou que Cintra estava o ‘paquerando’ e lhe ‘encarando’)
Cintra: Ele perdeu de 3 a 1 e quis desviar o foco da derrota. Mesmo assim, treinador quando perde precisar ter classe, e não pode ofender as outras pessoas. Ainda mais uma pessoa pública falando de outra. Após o ocorrido, reuni todos os materiais que saíram na mídia sobre o incidente, onde encaminhamos para a Assessoria Jurídica da FPF. Solicitei apenas que não me mandassem os resultados durante o transcorrer da temporada para não atrapalhar meu desempenho dentro de campo.

NM: Como é para um árbitro que só apita partidas da primeira divisão comandar jogos do Paulista da Série B?
Cintra: Esse ano comandei partidas das Séries A e B do Brasileiro e de todos os campeonatos promovidos pela FPF. Quando venho para comandar jogos como Grêmio Catanduvense e Votoraty, venho feliz por estar atuando na profissão que escolhi.

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