sexta-feira, 20 de setembro de 2024
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Lula deseja definir candidato na Câmara em 15 dias

Reempossado nesta segunda-feira, Lula fixou duas prioridades para o primeiro mês do segundo mandato: a costura final de uma iniciativa que batizou de PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e…

Reempossado nesta segunda-feira, Lula fixou duas prioridades para o primeiro mês do segundo mandato: a costura final de uma iniciativa que batizou de PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e a definição de uma candidatura única à presidência da Câmara. Revela-se mais preocupado com o segundo objetivo.

Baseando-se nas informações que lhe chegam do Congresso, o presidente dá de barato que a reeleição de Renan Calheiros (PMDB-AL) para a presidência do Senado está assegurada. Acha que o adversário de Renan, Agripino Maia (PFL-RN) é carta fora do baralho. Considera delicada, porém, a situação da Câmara. Ali, dois deputados ligados –Aldo Rebelo (PCdoB-SP) e Arlindo Chinaglia (PT-SP)—travam uma disputa de desfecho imprevisível.

Na prática, Lula estaria bem servido tanto com seu ex-ministro Aldo como com Chinaglia, que ocupa as funções de líder do governo na Câmara. O problema é que o presidente gostaria que um dos dois se retirasse da disputa em favor do outro. E nenhum deles parece disposto a ir para o sacrifício.

Ambos declaram-se favoritos. Algo difícil de ser atestado de maneira cabal. A eleição para a presidência da Câmara, marcada para fevereiro, é secreta. Em processos do gênero, sujeito a traições, o que se diz em público tem valor extremamente relativo.

Nesta terça, depois de sentar-se ao lado de Lula na cerimônia de re-posse, Aldo se disse convicto da vitória. “Vamos reunir amplas forças partidárias e políticas. Temos apoio do PCdoB, do PSB, de setores do PP, do PMDB. A oposição também. Conversei com a governadora Yeda Crusius (PSDB-RS), Sérgio Cabral (PMDB-RJ), Luiz Henrique (PMDB-SC), de Pernambuco, do Ceará, de Tocantins. Jantei na semana passada com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e recebi as manifestações mais efusivas. Também tenho a simpatia dos governadores de São Paulo, de Minas Gerais e da Paraíba, todos do PSDB”.

Em privado, Chinaglia revela-se confiante de que, mercê das articulações que empreende, terá do seu lado o mesmo PSDB que seu rival diz já ter seduzido e o PMDB, que abriria mão de indicar um candidato próprio em favor do PT. Menciona, de resto, o suposto apoio da maioria dos deputados de legendas como PP, PR (ex-PL) e PTB. O petismo fez chegar a Lula uma contabilidade que, se verdadeira, indicaria a vitória de Chinaglia, não de Aldo. O partido julga ter convencido o presidente da veracidade de seus números.

De concreto, tem-se, por ora, apenas a evidência de que nem Aldo nem Chinaglia parecem dispostos a abrir mão de suas postulações. Se quiser ver um deles fora da disputa, Lula terá de pedir diretamente, sem intermediários. Algo que não condiz com o estilo do presidente, sempre acomodatício.

Embora incomodado com a disputa, que julga irracional, Lula não parece disposto a impor a sua vontade. Aconselhado por auxiliares, deve chamar Aldo e Chinaglia para uma última conversa. Fará ver aos dois que, do ponto de vista do Planalto, o ideal é que o consórcio governista se unifique em torno de um único nome. Apelará ao bom senso. E tende a ficar nisso.

Em seus diálogos privados, o presidente disse que espera ver a situação resolvida em 15 dias. Nesta terça, depois de arrematar um discurso no parlatório do Planalto com o bordão de campanha –“Deixa o homem trabalhar”—Lula autorizou sua assessoria a confirmar a informação de que sairá em férias por dez dias –de 5 a 15 de janeiro. Acha que, ao voltar, encontrará os ânimos serenados. A julgar pela movimentação de Aldo e Chinaglia, o presidente logo, logo se dará conta de que está enganado.

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