Gilberto Rodrigues da Silva, de 22 anos, o “Beto”, foragido de uma penitenciária do interior paulista, foi assassinado com 18 tiros de armas diferentes – uma pistola automática de calibre 45 e um revólver de calibre 38 – nesta quinta-feira no Jardim Estrela, uma ocupação formada por famílias de sem-teto, localizada em Hortolândia no limite com Sumaré.
Hortolândia é uma das seis cidades da Região Metropolitana de Campinas (RMC) que estão entre as 556 mais violentas do País conforme pesquisa feita pela Organização dos Estados Ibero-Americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI).
O assassinato de Silva aconteceu às 4h30 em um barraco de madeira na Rua Onze, 73. Dois homens encapuzados invadiram a moradia, perguntaram quem era o “Beto” e fizeram os disparos. O rapaz estava num sofá e foi atingido com 15 tiros na cabeça e três nos braços e palma da mão direita – segundo os policiais ele teria feito um gesto de defesa e por isso foi baleado nos braços.
Na casa estavam outras quatro pessoas – dois casais – que foram poupadas pelos criminosos. “Os dois homens quebraram a porta com um chute e entraram perguntando do Beto. Ele estava assistindo televisão. Mandaram a gente ficar deitado e começaram a atirar. Depois foram embora. Ninguém viu nada”, disse M., de 38 anos.
Silva estava há três dias no barraco. “Ele disse que não podia sair na rua. Acho que já sabia que era procurado. Mas não falou os motivos”, contou J., de 49 anos, que também estava na casa. Os moradores alegaram que não ficariam mais no barraco. “Vamos sair daqui. A gente não quer mais nenhum envolvimento”, afirmou um dos moradores.
Os vizinhos alegaram que não conheciam o rapaz. “Escutamos o barulho dos tiros mas ninguém saiu de casa”, comentou uma moradora do local. As pessoas alegaram que não conheciam o rapaz assassinado. A Polícia não encontrou testemunhas. As quatro pessoas que estavam no barraco no momento da execução alegaram que ficaram num cômodo e não conseguiram visualizar os criminosos.
Silva era fugitivo da penitenciária de Presidente Venceslau, no interior paulista segundo informações da polícia. A hipótese de vingança não é descartada nas investigações. A família de Silva mora na mesma ocupação, porém, não o aceitava em casa. Até o final da tarde desta quinta-feira os autores e os motivos do crime não tinham sido identificados.
O Mapa da Violência dos Municípios Brasileiros feito pela OEI com base em casos registrados em 2004 traz seis cidades da RMC entre as 556 mais violentas do País. Hortolândia ficou classificada em 125º lugar. Por isso, é a “primeira” entre os seis municípios da RMC. Os outros municípios da região que constam no mapa: Monte Mor em 133º lugar, Sumaré em 146º, Campinas em 192º, Santo Antônio de Posse 448º e Cosmópolis em 555º.
O levantamento divulgado neste ano computou os dados de 2004 do Ministério da Saúde. A partir daquele ano Hortolândia registrou queda no número de homicídios segundo dados da Secretaria Estadual da Segurança. Foram 79 homicídios em 2004 (taxa de 44,61 por grupo de 100 mil habitantes), 73 em 2005 (taxa de 39,65) e 46 em 2006 (taxa de 24,34).
