Uma mulher agredida, crianças assustadas por quase terem sido queimadas, imóveis destruídos e uma família desabrigada. Estes foram os cenários encontrados pela equipe de reportagem do Diário, após a ocorrência de três incêndios, registrados pela Polícia entre a madrugada de sábado e tarde de ontem, nas cidades de Cardoso e Votuporanga. Apesar dos danos (morais, psicológicos e materiais), somente a dona de casa L.R.C., 29, ficou ferida, depois de ser esmurrada pelo ex-amásio e arrastada de dentro de sua residência até a rua.
Vítima de violência doméstica, a moradora do bairro CDHU F de Cardoso também teve seus pertences queimados pelo agressor, que colocou fogo em seu quarto e quase feriu seus filhos que dormiam em outro cômodo do imóvel na madrugada de sábado. As crianças de 9 e 12 anos só escaparam da tragédia, porque acordaram com a movimentação do local e conseguiram pular a janela.
De acordo com informações da Polícia Civil de Cardoso, o autor das agressões contra a dona de casa e do incêndio, o comerciante votuporanguense F.A.L., 39, foi preso na manhã de sábado, após voltar pela terceira vez na residência dela, dizendo que queria conversar. Os crimes teriam ocorrido em decorrência de uma discussão entre o casal, que está separado há 15 dias. As chamas foram apagadas com a ajuda de populares.
Já em Votuporanga, na noite de domingo, um furto resultou em um prejuízo de aproximadamente R$ 50 mil ao proprietário da loja Movelari Pirani, localizada na Avenida Onofre de Paula, Jardim dos Pinheiros.
Segundo informações do boletim de ocorrência elaborado pela Polícia Militar de Votuporanga, uma testemunha viu quando dois rapazes saiam com uma moto do terreno baldio que cerca parte do imóvel. Ela disse que ainda gritou, perguntando o que eles estavam fazendo no estabelecimento, mas apenas um dos jovens respondeu que tentavam apagar o incêndio, evadindo-se do local logo em seguida.
Quando constatou então o fogo, a testemunha acionou o Corpo de Bombeiros, que levou pouco mais de 2 horas para conter as chamas e deixar a área atingida em segurança. Foram utilizados cerca de 20 mil litros de água.
A hipótese investigada a princípio é a de que os ladrões tenham causado o incêndio durante, ou logo depois de cometerem o furto. Porém, a forma como o fogo teve início só poderá ser identificada por meio de perícia.
Todos os aparelhos de informática do escritório, com exceção de uma impressora, encontrada pelos policiais caída no pasto, aos fundos da loja, foram levados.
A maior parte dos móveis e objetos para jardins, piscinas e interiores, comercializados no local, foi destruída.
Brincadeira
A brincadeira de uma criança de 4 anos com um isqueiro, no colchão de casal da mãe, deixou uma família desabrigada ontem à tarde, no bairro São Cosme, em Votuporanga.
O barraco de placa e madeira de uma família humilde que vive na favela daquela localidade ficou todo queimado depois que o fogo se alastrou e acabou com os poucos móveis, roupas e objetos que existiam no local.
A diarista Vanessa Vicente Pereira, 27, que tem quatro filhos com idades que variam de 2 a 9 anos, disse a Polícia Militar que lavava a louça, quando percebeu que o quarto estava em chamas. “Depois que o meu menino colocou fogo no colchão, ele correu para fora. Ainda bem que os demais estavam brincando lá fora e eu também consegui escapar”, conta.
A mãe, que assim como as crianças, só ficou com a roupa do corpo, disse que o marido está preso e não tem com quem contar. Ela ainda citou que procuraria a ajuda da prefeitura, mas em contato com a assessoria do Poder Executivo, a informação era de que até o fechamento desta edição, Vanessa ainda não havia os procurado.
De acordo com a família, esta não é a primeira vez que o garoto coloca fogo em algum móvel da sala. Há alguns meses ele queimou a cama, onde a mãe estava deitada. Parte de um barraco vizinho também foi atingida pelo fogo, mas com proporções bem menores. Os bombeiros gastaram 6 mil litros de água para combater as chamas que duraram aproximadamente 30 minutos. (Colaborou Leliane Petrocelli)
