sábado, 21 de setembro de 2024
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CPI aponta omissão no caso de adolescente presa no Pará

Apesar de ter tomado conhecimento de que havia uma jovem presa com 20 homens em uma cela na cadeia pública de Abaetetuba, no Pará, a juíza da 3º Vara Criminal…

Apesar de ter tomado conhecimento de que havia uma jovem presa com 20 homens em uma cela na cadeia pública de Abaetetuba, no Pará, a juíza da 3º Vara Criminal do Estado, Clarice Maria de Andrade, não tomou nenhuma providência sobre o caso. A afirmação é do presidente da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do Sistema Carcerário, deputado Neucimar Fraga (PR-ES), que nesta sexta-feira tomou o depoimento da juíza no Tribunal de Justiça do Pará.

O depoimento foi fechado e durou cerca de duas horas. Segundo o deputado, Clarice Maria de Andrade argumentou que preferiu aguardar o posicionamento do corregedor das Comarcas do Interior, Constantino Guerreiro, para pedir a transferência da jovem. Neucimar Fraga disse que, de acordo com ela, o corregedor só se manifestou sobre o caso no dia 23 de novembro. Mas a adolescente já havia deixado a cadeia, no dia 17 de novembro, por determinação da própria polícia, após o Conselho Tutelar apresentar a certidão de nascimento da jovem.

Para o presidente da CPI, a juíza agiu com imprudência e foi omissa. “Houve uma certa imprudência, podemos dizer, uma certa omissão, em relação a uma decisão mais enérgica”, disse o parlamentar. Durante o período de quase um mês em que esteve na prisão, a jovem sofreu maus-tratos e foi vítima de violência sexual, de acordo com denúncia do Conselho Tutelar de Abaetetuba.

Segundo Fraga, Clarice Maria de Andrade também negou ter conhecimento de que a jovem era menor de idade. “Ela foi bem categórica ao afirmar para a comissão que se ela tivesse recebido a informação de que existia uma menor dentro de uma cela com mais vinte homens, teria ido à delegacia e dado voz de prisão ao responsável pelo recolhimento da jovem na mesma cela.”

De acordo com o parlamentar, outra dúvida da CPI diz respeito ao sistema de informação da Polícia Civil. As primeiras ocorrências criminais registradas contra a adolescente indicam que ela nasceu em 1987 e não em 1991, como aponta a certidão de nascimento da jovem.

“Se os documentos foram adulterados, aí nós temos mais um crime cometido e a comprovação de que o sistema de informação da polícia é frágil e passível de adulteração”, disse Neucimar Fraga.

O depoimento da juíza foi o 16º colhido pela CPI em Belém. A comissão pretende ouvir ainda a adolescente e o pai dela. Também devem prestar depoimento dois homens que ficaram presos na mesma cela em que a jovem ficou. Um deles é Beto Conceição, suspeito de ter cometido violência sexual contra a adolescente. Já o outro é conhecido como ‘Aranha’ e foi quem denunciou o caso ao Conselho Tutelar, depois de ter sido solto.

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