De acordo com levantamento feito pela revista Veja desta semana, dos 51 reitores das universidades federais, 48 devem adotar o processo seletivo unificado já neste ano. A tendência é que em breve a nota do novo ENEM seja adotada no lugar do vestibular por todas as faculdades. A classificação e ingresso dos candidatos, será feita através de um sistema eletrônico válido para todo o país. Nele, o candidato poderá comparar sua nota com as médias dos cursos das faculdades inscritas no exame unificado. Um dos propósitos da nova prova é o de estimular o intercâmbio de alunos dos mais diferentes estados.
Desta maneira, o MEC acredita que distribuirá os melhores alunos pelas instituições federais de ensino superior do país. Contudo, as universidades continuam com autonomia para escolher uma segunda etapa para ingresso em seus cursos. A mudança deve ser adotada pelas duas maiores instituições do país a partir do ano que vem. Este ano USP e UNICAMP ainda manterão o modelo antigo de vestibular.
Quem pensa que a nova prova facilitará o ingresso dos alunos menos estudiosos, deve se enganar. O novo ENEM promete manter o nível de dificuldade dos vestibulares tradicionais. O mérito do aluno que se esforçou durante o ano inteiro deve prevalecer.
Ao contrário do tradicional “decoreba”, a prova unificada privilegiará as relações dos conteúdos com a realidade prática do dia a dia. No lugar da sofrida memorização de uma infinidade de conteúdos imposta pelo modelo atual, os alunos terão que relacionar os conteúdos em quatro grandes áreas do conhecimento. Além da redação, a prova trará 200 questões de múltipla escolha distribuídas em ciências naturais e humanas, linguagens e matemática.
O coordenador pedagógico do colégio Dom Bosco, Charles Barufi, entende que a mudança não alterará a demanda de vestibulandos pelos cursinhos. Na prática, de acordo com o professor, o novo Enem passará a valer como primeira fase dos grandes vestibulares. O coordenador, que já vem trabalhando as novas questões em suas aulas, não acredita em queda no nível da seleção. “Os alunos acham o enunciado das novas questões até mais difícil”, disse. Barufe comentou também que o novo Enem deverá melhorar o nível das seleções feitas pelas faculdades particulares. Ainda assim, as mudanças poderão acarretar novas complicações. O desconhecimento das regras de classificação e seleção dos alunos pelas instituições do novo modelo de vestibular proposto pelo MEC, ainda é motivo de apreenssão. “Temo por eventuais injustiças. Ninguém sabe como o Inep e as instituições farão sua lista de aprovados”, alertou.
Para o professor, o ritmo acelerado dos cursinhos que força a memorização pura e simples dos conteúdos pelos alunos deverá dar espaço para maior discussão sobre as possibilidades interpretativas dos novos enunciados.
A coordenadora pedagógica do colégio Unifev, Maria da Conceição Morangueira Magri, disse que há algum tempo o material didático da escola vem priorizando questões interdisciplinares. “Hoje o professor ao elaborar uma questão sobre a sua disciplina, deve levar em conta as relações do seu conteúdo com outras matérias.”, disse.
O diretor de ensino da rede estadual, Edélcio Rossevelt Martins, disse que a prova vem de encontro com a adoção dos novos Parâmetros Curriculares Nacionais, PCNs, estabelecido pela Lei de Diretrizes e bases em 1997. “Como o novo material adotado pela secretaria da educação está alinhado com a nova proposta de vestibular do MEC, é possível que nossos alunos tenham mais chances.” disse.