SEGURANÇA
A violência que ganha as ruas deixa estigmatizadas famílias inteiras que, indefesas, são vítimas ou convivem com o crime. As mais rentes estatísticas revelam que o Brasil tem em média 117 mortes por assassinato por dia, um número que beira os 50 mil num ano. Em pesquisa recente, um terço dos jovens admitiu conviver com a violência. Boa parte dos entrevistados (64%) declarou estar exposta a algum risco ou história de violência e acostumada a ver pessoas (não policiais) portando armas. Não fosse o bastante, 11% dos entrevistados afirmaram já ter presenciado violência policial.
Não há dúvidas de que a perda de um parente ou amigo vítima da violência deixa lacunas na vida, nos tira o direito de conviver com pais, filhos, irmãos e amigos que morrem do nada, enquanto iam para o trabalho, escola ou simplesmente saiam de uma festa. Da mesma forma, como vítimas de roubo, uma das modalidades que mais cresceram em 2009 no Estado de São Paulo, 18% em relação a 2008, os paulistas sofrem o trauma da ameaça à vida, sob o uso de armas de todos os tipos, nas portas de escolas, na saída de agências bancárias, no comércio, nos pontos de ônibus, na rua e em suas casas.
Além das ações de caráter social e econômico, que podem dar novas perspectivas para a recuperação das pessoas que hoje se encontram no mundo do crime, uma série de medidas deve ser adotada com urgência para dar mais segurança para a população. Uma delas é aumentar o efetivo e melhorar a distribuição das polícias para atuar com eficiência nos locais onde há maior incidência dos crimes, de forma ostensiva.
Precisamos de uma polícia mais próxima da população, que saiba tratar o cidadão com respeito, com educação, e que tenha a firmeza necessária na hora de defender a sociedade. Para isso, deveria ter acesso a novas tecnologias na hora de conter e deter suspeitos de crime, como o uso de armas não letais.
Agora, não adianta nada disso sem melhorar a remuneração, a formação e capacitação dos policiais. A linha que separa o policial do criminoso está cada vez mais tênue. Por isso, é preciso punir com maior rigor os policiais que são coniventes ou aliados do crime e incentivar e premiar os bons policiais.
* Guilherme Mussi é administrador de Empresas e fundador do Instituto Paulista de Renovação (INPAR).