“Foi proteção divina”. Assim a moradora de um sítio em Talhado, distrito de Rio Preto, Océlia Lázaro Mota, 45 anos, explica como conseguiu sair sem um arranhão de um carro esmagado por metade de uma mangueira centenária de 20 metros de altura. A árvore caiu durante a forte chuva de anteontem. Dois veículos – um Prisma e um Gol- que estavam debaixo da mangueira, foram destruídos. O prejuízo com o incidente é de R$ 60 mil, segundo a proprietária. Algo insignificante perante o milagre de ter sobrevivido. “ Achei que estava morta. Foi um barulho terrível e muito pavor ao ver o tronco e os galhos cobrirem o carro”, disse Océlia, que escapou ilesa. A casa da propriedade fica a cerca de dez metros do pé de fruta. Quando a ventania teve início ela correu para retirar os carros da área de risco. “Assim que entrei no primeiro veículo houve a queda do tronco.” A copa da árvore rachou ao meio. Galhos grossos esmagaram os tetos e quebraram os vidros dos carros. Parte do tronco, em formato de “V”, tocou o chão entre os veículos e sustentou o peso da galhada no ponto exato onde a mulher estava.
Desesperada, Océlia gritou por ajuda e acionou a buzina para ser ajudada por familiares. Ela foi retirada do Prisma pela janela do lado do passageiro. Bombeiros de Rio Preto tiveram trabalho para remover a árvore na manhã de ontem. Eles utilizaram motosserra para cortar os galhos. A equipe atuou com cautela para manter os pontos de sustentação e evitar outros incidentes. Uma pá carregadeira foi utilizada para ajudar na remoção. Os bombeiros constataram que o tronco principal estava oco em função do ataque de cupins, por isso não resistiu ao peso dos galhos carregados de frutas e à força do vento.
Escuro
O temporal também provocou a queda de 16 árvores em Rio Preto, segundo o Corpo de Bombeiros. Uma delas atingiu a rede elétrica no cruzamento das ruas Vilibaldo Urias Gomes e Acácio Cezário Rodrigues, no bairro Jockey Clube. O fornecimento de energia foi interrompido num trecho de dois quarteirões. De acordo com a Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL) o sistema foi restabelecido às 11h de ontem com a retirada dos galhos e reconstrução da rede destruída.
“Passamos a noite no escuro. Foi um grande transtorno”, disse o morador Carlos Santos Gonzaga, 40. Já Vera Lúcia Alves dos Santos, 48, afirmou que a eletricidade estava parcialmente restabelecida, com o funcionamento de apenas uma das fases. Já em Cardoso, o vendaval deixou à deriva durante dez horas dois pescadores no rio São João do Marinheiro. As ondas fortes levaram a embarcação para longe do barranco e os pescadores se perderam na escuridão. Eles pediram ajuda à Polícia Ambiental e bombeiros e foram resgatados, sem ferimentos, às 3h30 da madrugada de ontem.
