domingo, 22 de setembro de 2024
Pesquisar
Close this search box.

Polícia inicia caçada ao matador de travestis

Um atirador de olhos verdes, cabelos grisalhos e aparentando 40 anos disparou friamente contra quatro travestis na madrugada de ontem, a mais violenta do ano em Rio Preto. Dois deles…

Um atirador de olhos verdes, cabelos grisalhos e aparentando 40 anos disparou friamente contra quatro travestis na madrugada de ontem, a mais violenta do ano em Rio Preto. Dois deles – atingidos à queima – roupa no peito e no queixo, respectivamente – tiveram morte instânea. Os outros dois só não morreram porque falavam ao celular no momento do disparo e foram protegidos pelo aparelho. A Polícia Civil investiga as hipóteses de intolerância sexual – homofobia -, vingança, acerto de contas e até motivação passional para o crime.

Quinze policiais da Delegacia de Investigações Gerais (DIG) trabalham para esclarecer o crime. Delegados e investigadores passaram o dia na rua ouvindo testemunhas e rastreando os passos de um suspeito apontado por uma testemunha. Os assassinatos, cometidos em série, tiveram início por volta da meia-noite. Segundo testemunhas, pilotando uma motocicleta vermelha, o atirador se aproximou do cruzamento da avenida Cenobelino de Barros Serra com a São João, ponto tradicional de travestis, e combinou um programa com um deles.

Carlos Eduardo Vasconcelos, 30 anos, conhecido como Eduarda, saiu com o acusado em direção à estradinha de terra Fonte Santa Terezinha. Lá, quando a vítima já estava subjugada – ajoelhada de frente para o agressor -, o atirador disparou contra seu peito. A polícia aguarda o laudo do Instituto Médico Legal (IML) para saber se o programa sexual chegou a ser consumado. Na sequência, o atirador retornou à avenida Cenobelino e abordou a segunda vítima: Abelardo dos Santos Freier, 24 anos, a Izabeli. Segundo a polícia, quando Abelardo questionou sobre o paradeiro de Eduarda, o agressor sacou a arma.

Vestígios no local do crime, como um dos sapatos de salto alto que ficou pelo caminho, revelam que a vítima ainda correu, sem sucesso, para escapar da morte. O tiro acertou o queixo do rapaz. Ele chegou a pedir socorro para os colegas, mas morreu antes da chegada do Samu. O travesti J.C.B., 21 anos, chegava de um programa a uma quadra do crime, quando ouviu o estampido do tiro. Ao virar-se para ver do que se tratava, deparou com o motoqueiro de capacete se aproximando. O agressor parou ao lado dele, sacou a arma e atirou uma única vez. O tiro atravessou a mão direita e pegou de raspão o ombro da vítima. J.C.B., passou por cirurgia para conserto das fraturas.

“Eu estava com o celular na mão ouvindo música. Quando o homem apontou a arma na minha direção, minha única reação foi colocar a mão na frente. Ele atirou para matar. Minha sorte é que o tiro pegou no celular. Acho que ele atirou por imaginar que estivesse chamando a polícia”, disse J.

Segundo o sobrevivente, o atirador ainda chegou a mandar beijos e dar tiauzinho para outros travestis que estavam na esquina debaixo. Ferido, o rapaz saiu em busca de ajuda e encontrou Aberlardo agonizando. “Ele gritava me socorre, me socorre, pelo amor de Deus. Levei um tiro”. J. conta que o colega perdeu os sentidos logo em seguida.

Notícias relacionadas