A explanação do presidente da nossa ZPE na última segunda feira mostrou que infelizmente continuamos patinando no assunto. Isso porque, mais de três anos após o anúncio festivo da autorização para a sua instalação, tudo continua do mesmo jeito. Pior, não há luz no fim do túnel.
A grande tragédia é que o tema ZPE foi vendido para a população como se fosse trazer resultados imediatos. Vale lembrar que o mesmo presidente que agora oferece desculpas esfarrapadas chegou a dizer, na época do anúncio, que “em cinco anos a cidade terá 150 mil habitantes”. Ledo e ivo engano, todos pudemos comprovar.
Enquanto isso, a ZPE foi sendo tocada de maneira eleitoreira, com o “grande gestor” capitalizando de todas as formas qualquer alusão ao assunto, sempre com grande estardalhaço, como, aliás, é de seu feitio.
Durante esse período, faltou ao presidente expert esclarecer para a população o que de fato é uma ZPE, para que ela serve e de que maneira poderia fomentar o crescimento e o desenvolvimento da cidade.
Mais ainda, faltou dizer, com clareza, qual a importância da iniciativa privada e qual o papel do poder público para a sua implementação, tudo isso culminando com o grand finale que foi a história nebulosa relacionada ao capital acionário da empresa criada especialmente para gerir o empreendimento, passando do privado para o público e de novo para o privado por míseros 5 mil reais, capital social equivalente ou até inferior a muitos botequins de ponta de rua, claramente incompatível com a grandeza do projeto que se anuncia.
Aliás, vamos deixar bem claro que escrevo isso sem demérito algum aos nossos agradáveis botequins, pelos quais, aliás, todos temos grande apreço, até porque contribuem para o crescimento e o engrandecimento da cidade.
Para aqueles que se aprofundaram um pouquinho mais, foi fácil descobrir que a iniciativa privada tem papel fundamental e o poder público tem papel secundário no projeto e como a população nunca foi esclarecida quanto a isso, ficou a impressão de que o poder público não cumpriu o papel que lhe competia, embora nosso Midas continuasse, até o último momento, cantando em prosa e verso as maravilhas de um projeto que nasceu e continua virtual.
A continuar como está, teremos mais uma grande idéia indo pelo ralo. Não seria hora da “nossa” associação de amigos reassumir seu papel e arregaçar as mangas para, de fato, ajudar na viabilização do projeto? Com saudades do Zé Maria, aguardemos, pois, ansiosos, o desenrolar dos acontecimentos, torcendo para que o sonho não se torne mais um pesadelo.