domingo, 22 de setembro de 2024
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Descarrilamento de trem espalha transtorno e soja

O descarrilamento de um trem no centro de Rio Preto ontem à tarde deixou o trânsito travado em pleno horário de pico irritou comerciantes e motoristas. Pedestres, incluindo funcionários do…

O descarrilamento de um trem no centro de Rio Preto ontem à tarde deixou o trânsito travado em pleno horário de pico irritou comerciantes e motoristas.

Pedestres, incluindo funcionários do comércio central, que saiam do expediente, se arriscaram passando por dentro e até por baixo dos vagões. Logo depois das 18h, a locomotiva fechou toda a área central, na passagem de nível das ruas General Glicério e Bernardino de Campos. Mais adiante, sob o viaduto da avenida Alberto Andaló, três vagões que tombaram espalharam em torno de 300 toneladas de soja – cada vagão tem capacidade para 100 toneladas do produto. O acidente aconteceu a 800 metros de onde no último final de semana a América Latina Logística (ALL) fez obras de recuo das linhas para evitar que as máquinas esbarrassem na cobertura da estação.

O manobrista de um estacionamento das proximidades, Fernando Luiz de Moraes, 35 anos, conta que o trajeto entre a avenida Alberto Andaló e o seu estabelecimento comercial na esquina da rua Pedro Amaral com a rua Bernardino de Campos é feito em 15 minutos. Ontem, demorou uma hora. “Por causa dessa demora meu funcionário teve de me esperar antes de ir embora e não teve como sair no horário. Terei que pagar hora extra. Um transtorno total”, diz.

Janiene Anjos Paz, 20 anos, caixa de um estabelecimento comercial na rua Bernardino de Campos conta que viu motoristas estressados e impacientes com o transtorno. “Eles buzinavam demais e xingavam. Estavam todos nervosos com o trânsito que ficou parado”. Sem sinalização ou presença de guardas de trânsito nas imediações para monitoramento do trânsito, muitos motoristas ficavam parados, achando que o trem deixaria o local. “Vi que o sinal abriu, mas não sabia que o trem estava quebrado e por isso estava esperando. Não sou da cidade e nem sei por onde desviar para chegar onde preciso”, relata o motorista Paulo Cilio Pereira de Brito, 32 anos, morador de Nova Granada.

Com o trem no meio do caminho muitos pedestres se aventuraram subindo nos vagões ou até mesmo passando por baixo das composições. “O problema é que isso aconteceu bem no meio da cidade. Não tem o que fazer. O jeito é passar no meio dos vagões”, diz o pintor José Luiz Stefano, 61 anos. A garçonete Maria Sebastiana dos Santos, 46 anos, também teve de passar entre os vagões para conseguir chegar ao trabalho, no período noturno. “Venho de ônibus e depois tenho que atravessar a linha para ir trabalhar. Antes mesmo de chegar ao meu trabalho já tenho que enfrentar isso. É uma vergonha”, diz.

“Estava tudo bagunçado, não tinha guarda. Carros misturando com ônibus na Bernardino, gente saindo do comércio e impedida de passar”, relatou Leandro Gasparetti, que fotografou parte dos transtornos. O gerente regional da ALL, Raphael Kottel, responsável pela composição férrea, explicou que uma sindicância interna será aberta para investigar as causas do acidente. “Ainda não podemos falar o que causou o descarrilamento. A previsão é que até a meia noite a composição seja removida do local e o trânsito liberado”, explicava.

Desde o final de 2010, a Prefeitura de Rio Preto negocia com a superintendência do Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (Dnit) a viabilidade do projeto para a retirada dos trilhos da região central. O projeto técnico deveria ser elaborado pelo consórcio formado pelas empresas Astec, Urbaniza e Setepla por R$ 1,8 milhão. Vencida essa etapa, o governo federal deverá destinar recursos no Orçamento Geral da União (OGU) para execução da obra estimada em R$ 184,6 milhões à época.

“A partir de agora, com o projeto executivo, esse projeto passa a ser de responsabilidade do governo federal”, disse o prefeito Valdomiro Lopes (PSB) na ocasião. Depois disso, o projeto não andou e a cidade continua a enfrentar um dos seus mais crônicos problemas de mobilidade urbana.

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