sexta-feira, 20 de setembro de 2024
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A Queda da Bastilha

A Queda da Bastilha, foi um evento central da Revolução Francesa, ocorrido em 14 de junho de 1789, embora a Bastilha, fortaleza medieval utilizada como prisão contivesse, à época, apenas…

A Queda da Bastilha, foi um evento central da Revolução Francesa, ocorrido em 14 de junho de 1789, embora a Bastilha, fortaleza medieval utilizada como prisão contivesse, à época, apenas sete prisioneiros, sua queda é tida como um dos símbolos daquela revolução, e tornou-se um ícone da República Francesa, o evento provocou uma onda de reações em toda a França, assim como em toda Europa.

Brasil

Como todos têm acompanhado, o Brasil vive uma série de manifestações advindas, inicialmente, de protestos em São Paulo e Rio de Janeiro a respeito do aumento de R$0,20 no preço da passagem do transporte público.

Pois bem, como na Bastilha, apesar da pequena relevância diante daquela revolução, pois só havia sete prisioneiros no forte, a invasão da Bastilha significou a derrubada da última fortaleza do Império decrepito e explorador da nobreza provinciana francesa.

Tal nobreza detentora dos privilégios de estar perto do reinado, a detentora das benesses, dos luxos de se comportarem acima das leis, também tinham nas mãos o poder repressivo e a obediência consentida da também explorada guarda real.

O trabalho, por mais árduo que parecia, estava dentro do contexto de vida daqueles trabalhadores, estava pré-estabelecido que deveria eles, cultuar o rei, e sua majestade divina, obedecendo as autoridades sem questionar, deveria-se venerar o poder quase que divino daquele senhor tão superior de razão que a si mesmo.

Nós, em pleno Século XXI, e cerca de 214 anos depois, estamos diante da queda de nossa bastilha, ou talvez, a queda da hipocrisia, o questionamento de nossa submissão.

Apresenta-se a oportunidade de ir às ruas em grandes aglomerações que, prontamente, são tratadas como ilícitas e reprimidas pelas autoridades. Essa falta de bom senso, trouxe uma maior adesão, e colocou a discussão política na população que já vivia acostumada às aglomerações consideradas lícitas pelo governo, como as que ocorrem diariamente em hospitais, escolas e trens urbanos e etc etc…

Essa oportunidade de manifestação, feita por nossos “escravos”, antes presos em nossa “bastilha”, trouxe um desagrado na nobreza e seus privilégios, que , prontamente, garantiu a criminalização e repressão desses.

São esses, agora, os taxados de irremediáveis vândalos, detentores do poder de depredar as hipocrisias e estraçalhar a mediocridade a nós imposta. São eles, os “escravos” desse estado, orientados pela liberdade dos vídeos caseiros e desorientados pelas balas da “realidade maquiada”. São esses criminosos, os responsáveis pela subida, de nossa sociedade, da “caverna” à “Luz”. O que na prática, para muitos, são os responsáveis pelos “crimes à ordem ” e ao Velho Brasil.

A truculência desses depredadores, que de uma hora para a outra, resolveram questionar aquela ordem preestabelecida, que existira antes mesmos deles nascerem, mostra que eles não entenderam, ainda, o significado e poder de valores como, hierarquia, ordem e tradição.Não conservam no porão da história recém reproduzida, os valores da obediência submetida.

São irredutíveis esses desorientadores, que questionam os valores máximos da civilização hoje representada, por fuzis, colheitadeiras, terno, paletó, e a crença na ordem “natural” das coisas. Não entenderam, sem rodeios, que a democracia usa farda e martelo, e “manda quem pode, obedece quem tem juízo”. São eles, os bastardos inglórios defensores do jargão “Cidade Muda, não Muda”.
Teimam eles, em não seguir o velho e bom conselho do acadêmico e ocupado telespectador, que entra em um estádio durante o sábado dizendo: “ Você deveria estar trabalhando e estudando, e não fazendo essas coisas de vagabundo”.

Nesse momento, presto minhas sinceras desculpas à dedicada gente trabalhadora, empenhadas em assistir um bom resultado de 3 a 0.

Pois bem, essa Bastilha Brasileira, essa bastilha dos míseros R$ 0,20 centavos de aumento da tarifa do ônibus, de fato, não merece nossa atenção, ainda mais em um Paraíso Tropical que vivemos, afinal,

“Não temos terremoto e nem furação…. “
Outros dirão que nós, escravos da bastilha, somos uma maldita “massa de manobra”. Pergunto: Será que somos nós os detentores dessa “anencefalia”, por fazer parte da maior onda de protestos, que atingiu mais de 150 cidades brasileiras com apoio em mais de 30 países ?

Ou será que nossos empenhos não representam, de fato, algo que deva ser atentado pelos pensantes que nos criticam? Parece que esses não se sensibilizam por coisa pouca, nem quando os jovens são recepcionados nas ruas pelo cassetete democrático. Acredito que nem quando aqueles jornalistas que por sete policiais apanhou e a que tivera o olho perfurado por “somente”UMA bala de borracha. É, acredito que nesse caso vale a máxima: Desgraça pouca é bobagem para quem detêm a razão…

Como não seria bobagem, então, chamar a atenção, por tão somente R$ 0,20 centavos?
A Bastilha Brasileira, a revolta vândala dos R$ 0,20 centavos, a “Revolta da Salada”, aquela das bombas de gás lacrimogênio, da cavalaria bem treinada e dos policiais mal preparados, essa guerrilha urbana que fez um jornalista ser preso por portar “Vinagre”, enfim, atribua o nome que lhe for conveniente, não passa de um quebra-quebra sem fim, não passa, hoje, de rebeldes sem causa, sem escolas, sem saúde e, principalmente, sem educação.

Mas, diga-se de passagem, com muito bom futebol. Pois, o bom futebol brasileiro não se aprende na escola… caso contrário…
Quero acreditar que nosso povo ainda haverá de derrubar muitas Bastilhas, muitos Vícios e Discursos, e ainda haverá de ter muito “Vinagre” para se tirar todo o ranço dessa velharia, tirar toda a ferrugem dessa oligarquia de negócios de “cumpades”, e de oportunismos com a nossa expoliada, mas patriótica população.

Acredito que nossa esperança ainda haverá de nos dar força para termos a vergonha na cara, necessária e suficiente, para tanto, nem que isso nos custe a dor do tapa e o remorso da mão que nos agride.

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