sexta-feira, 20 de setembro de 2024
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Sobre caixas-pretas

Na linguagem aeronáutica, caixa-preta é o aparelho que grava os dados do funcionamento de uma aeronave e as conversas da tripulação durante o vôo, feito de material resistente a elevadas…

Na linguagem aeronáutica, caixa-preta é o aparelho que grava os dados do funcionamento de uma aeronave e as conversas da tripulação durante o vôo, feito de material resistente a elevadas temperaturas e pressões em profundidade, para que não sejam perdidos dados importantes na averiguação das causas de um acidente. No dia a dia, de maneira figurativa, a expressão passou a designar algo que não se conhece na totalidade e em função disso pode guardar ou, pior ainda, trazer surpresas desagradáveis.

Nos últimos dias, temos lido e ouvido a todo instante a expressão “abrir a caixa-preta” em referência às contas da nossa Santa Casa. Sem querer entrar no mérito da questão ou fazer juízo de valores, creio que a questão é de fácil deslinde. O atual momento, onde as manifestações populares têm sido a tônica das ruas, não só autoriza, mas exige que nossas autoridades e nossos líderes sejam cada vez mais “transparentes”.

Desse modo, não só as contas da nossa Santa Casa, mas de toda e qualquer entidade que receba dinheiro público deveriam ser abertas de maneira natural, sem nenhum tipo de dificuldade. A explicação é muito simples: queiram ou não os mandatários de plantão, essas entidades recebem dinheiro nosso, seja através dos governos ou órgãos públicos, mas também, e principalmente, recebem dinheiro do povo. Afinal, não passa um dia sequer que não tenhamos que comprar uma rifa ou participar de jantar ou evento beneficente destinado a ajudar essa ou aquela entidade. E, aliás, todos têm ajudado, uns muito, outros menos, mas todo mundo tem ajudado. Então, porque essa discussão desnecessária em torno de algo que deveria ser normal, elementar?

Se bem observarmos, veremos que essas entidades, ao menos a maioria das existentes em nossa cidade, são bem administradas, quase todas elas dirigidas por voluntários abnegados e que muitas vezes colocam dinheiro do próprio bolso na tentativa de fechar as contas no final do mês, porém, não há como negar que essa mesma população, que tanto tem ajudado, tem o direito de receber ao menos uma prestação de contas e ter acesso a essas contas sempre que necessário.

Só para dar um exemplo disso, o Hospital de Câncer de Barretos edita, todos os meses, um jornalzinho que mostra o que foi e o que está sendo feito, apresentando um balancete mensal de receitas e despesas, onde, ainda que de maneira simplificada, presta contas à população que o ajuda diuturnamente.
Em vez de prolongar essa discussão, seria muito mais prático que o nosso querido provedor pudesse fazer o que seu coração manda e escancarar, de vez, as agruras da entidade. Todos agradeceriam, até a entidade, que voltaria a respirar ares mais puros.

Portanto, sem fazer demagogia e sem querer entrar na onda dos agitadores de plantão, a prestação obrigatória de contas deveria ser uma maneira de a direção dar satisfação à população. Então, que assim seja.

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